terça-feira, 29 de setembro de 2009

A lembrança dos sonhos

Allan Kardec, comentando a resposta dos Espíritos Superiores à questão 402 de “O Livro dos Espíritos” [1], esclarece que “os sonhos são efeitos da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação.”

A questão 403 de “O Livro dos Espíritos” refere-se à razão de não nos lembrarmos claramente dos sonhos. Os Espíritos Superiores elucidam que o corpo “é matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, já que tais impressões não chegaram ao Espírito por meio dos órgãos corporais”.


Emoções e Vibrações (Ver no YouTube)

Conforme nos orienta o Espírito Aniceto, no capítulo 38 da obra Os Mensageiros, do Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier [2], “Os Espíritos encarnados, tão logo se realize a consolidação dos laços físicos, ficam submetidos a imperiosas leis dominantes na Crosta. Entre eles e nós existe um espesso véu. É a muralha das vibrações. Sem a obliteração temporária da memória, não se renovaria a oportunidade. Se o nosso campo lhes fora francamente aberto, olvidariam as obrigações imediatas, estimulariam o parasitismo, prejudicando a própria evolução. Eis porque raramente estão lúcidos ao nosso lado. Na maioria dos casos, junto de nós, permanecem vacilantes, enfraquecidos...”.

José Náufel, no livro “Do ABC ao Infinito” [3], estudando o sono e os sonhos, esclarece que: “As percepções do encarnado são realizadas pela alma, que recebe as impressões do mundo exterior pelos órgãos sensoriais. Esse processo implica registros tanto na memória atual, a nível subconsciente (camada psíquica imediatamente inferior à esfera da consciência), quanto na memória espiritual, mediante utilização dos órgãos perispiríticos. Já a atividade do Espírito durante o sono, que se corporifica no sonho, é realizada fora do corpo, uma vez que a alma se encontra emancipada, embora continue ligada a ele por um cordão fluídico. Logo, o registro dessa atividade se faz tão-somente na memória espiritual, sem que as impressões dela resultantes passem pelos órgãos corporais. É claro que a relação eletromagnética entre as células do corpo somático e as do corpo espiritual estabelece comunicação entre a memória atual e a memória espiritual. Mas, para que os registros desta se façam também naquela, é necessária a ocorrência de condições específicas favoráveis, nem sempre presentes.” Daí, a lembrança clara de apenas alguns sonhos.


Fragmentos de lembranças em vigília (Ver no YouTube)


André Luiz, na obra “Mecanismos da Mediunidade” [4], explica que: “Dormindo o corpo denso, continua vigilante a onda mental de cada um – presidindo ao sono ativo, quando registra no cérebro dormente as impressões do Espírito desligado das células físicas, e ao sono passivo, quando a mente, nessa condição, se desinteressa, de todo, da esfera carnal. Nessa posição, sintoniza-se com as oscilações de companheiros desencarnados ou não, com as quais se harmonize, trazendo para a vigília no carro de matéria densa, em forma de inspiração, os resultados do intercâmbio que levou a efeito, porquanto raramente consegue conscientizar as atividades que empreendeu no tempo de sono.” Assim, “nem sempre o cérebro físico está em posição de fixar o encontro realizado ou a informação recebida”. José Náufel, na obra anteriormente citada, elucida que no caso do sono ativo, há possibilidade de lembrança do sonho. Já no sono passivo, “não acontece o referido registro, impedindo ou dificultando a lembrança do sonho”.


Sintonia e lembranças (Ver no YouTube)

Em “O Livro dos Médiuns” [5], Kardec pergunta, no item Evocação de Pessoas Vivas, se é possível modificar as ideias de uma pessoa em estado de vigília, atuando sobre o seu Espírito durante o sono. Há o esclarecimento de que tal é possível, algumas vezes, porque, não estando o Espírito preso à matéria por laços tão estreitos, “mais acessível se acha às impressões morais e essas impressões podem influir sobre a sua maneira de ver no estado ordinário. Infelizmente, acontece com frequência que, ao despertar ele, a natureza corpórea predomina e lhe faz esquecer as boas resoluções que haja tomado.”

Concluindo, observa-se que, se o Espírito vivencia uma situação no plano espiritual que não tem correspondência com sua vida encarnada atual, em termos de nível vibratório e/ou foco, tal lembrança não será registrada no cérebro físico e portanto, não acessível em estado de vigília.


Leia também, neste blog, a postagem “Sintonia espiritual”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências

1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1987. Questões 402 e 403.
2. XAVIER, Francisco Cândido. “Os Mensageiros”. Pelo Espírito André Luiz. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2000. Capítulo 38.
3. NÁUFEL, José. “Do ABC ao Infinito: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita”. Rio de Janeiro, RJ: Éclat. 1994. Volume II, Tomo I. Capítulo V – O sono e os sonhos.
4. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. “Mecanismos da Mediunidade”. Pelo Espírito André Luiz. 14ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995. Capítulo 21.
5. KARDEC, Allan. “O Livro dos Médiuns”. 55ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Segunda Parte. Capítulo XXV, Evocação das Pessoas Vivas. Questão 47.

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