terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O aconchego do Senhor

 "Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora."
Jesus (João, 6:37)

A postura de Jesus primava pelo bom senso, em cada atitude, em cada palavra, em cada recomendação marcada por extrema lucidez.

Por mais que a alma se decida por usar sua liberdade para o gozo das fantasias dissolventes, um dia chega em que o cansaço a dobra.

Por mais que a criatura se dedique ao armazenamento das coisas perecíveis, que será compelida a deixar, junto com o casulo carnal esgotado, vem o momento da reflexão que lhe permite a mudança.

Por mais que a pessoa se rebele contra a vida, crendo que a culpa dos seus fracassos e torturas interiores está nas leis de Deus, advém o instante no qual eclode a claridade do bom senso, que a dor propicia, e tudo começa a se refazer.

Em qualquer situação que esteja, guarde a certeza de que você pertence ao grande rebanho do Bom Pastor, mesmo quando se ache na posição de ovelha desgarrada ou travestido de lobo devorador, mais carente, inseguro e amedrontado do que propriamente lobo rapace.

Ao considerar isso, não dê mais ouvido ao orgulho insensato, tampouco à acomodação paralisante. Venha ao encontro Dele e deixe-se aconchegar nos Seus braços de ternura, sempre abertos para os que O buscam.

Não acredite em castigos do Céu para os equívocos humanos. Para o Pai que ama perfeitamente, você será sempre um plano de amor a desenvolver-se, passo a passo, em plena vida cósmica. Erros e acertos, quedas e levantares fazem parte desse importante movimento evolutivo, em que todos nos encontramos, até superarmos as conjunturas inferiores.

Jamais creia que você é uma indefesa vítima de demônios cruéis. Para quem procura o Senhor, disposto a transformar as próprias sombras em estuante luminosidade, cada insinuação perturbadora ou cada tentação no caminho representa importante desafio a sua capacidade de lutar e lutar para vencer.

Nunca se admita esquecido pela Divindade, assemelhando-se à criança que se afirma não amada pelos genitores cada vez que esses não lhe atendem a vontade infantil.

O formidável fato da sua presença no mundo, tendo ensejo de viver como pode ou como gosta, de trabalhar onde pode ou quer, de viver nos lugares e com as pessoas que prefere ou precisa, num perfeito encaixe de causas e efeitos, próximos ou distantes, é a demonstração palpável do amor divino a envolvê-lo e sustentá-lo continuadamente.

Perante todo situação da vida em que você esteja necessitando de um braço ou de um abraço que agasalhe o seu coração, busque Jesus. É certo que Ele poderá chegar ao seu caminho através de um familiar atencioso ou de um amigo compreensivo. No entanto, se essas almas não surgirem na sua trilha, não se entristeça, nem desanime. Abra a janela e sorva o hálito do dia ou os aromas da noite; recolha-se, por um momento, em oração; comungue com as vibrações felizes do além, registrando os murmúrios da paz.

Tão logo lhe seja possível, vai você mesmo ao encontro de algum coração, seja uma criança ou um idoso; seja um afeto sadio ou algum enfermo; um familiar ou algum vizinho. Enfim, procure alguém com a sua vibração de alegria e agradecimento a Deus, e porque você a ninguém despreza e a todos envolve com o melhor que tem, já se acha envolvido pelo Sublime Amigo, com possibilidades de superar seus próprios dramas.

Sim, quando saímos ao encontro dos irmãos da nossa via evolutiva, dispostos a amá-los e a servi-los, mais próximos ficamos de Jesus, usufruindo da Sua aura de harmonia.

Jesus Cristo, dessa forma, é aquele Amigo que sempre espera a nossa decisão de buscá-Lo, de ir até Ele, abrindo mão de tudo o que nos agrilhoa no mundo a fim de nos aconchegarmos em Seus braços. Ele nunca nos indagará por que demoramos tanto. Esse dia da busca é também o dia da maturidade nossa e da aceitação do Senhor.
Francisco de Paula Vítor

TEIXEIRA, José Raul. “Quem é o Cristo?”. Pelo Espírito Francisco de Paula Vítor. Niterói, RJ: Fráter, 1997, cap. 16.

Desejando a todos os nossos leitores um Feliz Natal!
Fraternalmente,
Carla e Hendrio

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