sábado, 25 de julho de 2009

Onde estão os Espíritos?

Os Espíritos estão por toda parte, conforme resposta dos Espíritos Superiores à questão 87 de "O Livro dos Espíritos", que transcrevemos:

87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
“Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.”

Na Revista Espírita de Março de 1858, Kardec diz que “não só todos esses globos são habitados por seres corpóreos, mas, que o espaço está povoado por seres inteligentes, invisíveis para nós por causa do véu material lançado sobre a nossa alma, e que revelam a sua existência por meios ocultos ou patentes. Assim, tudo é povoado no Universo, a vida e a inteligência estão por toda parte: sobre os globos sólidos, no ar, nas entranhas da terra, e até nas profundezas etéreas.”

André Luiz, no livro "Obreiros de Vida Eterna", questionando seu mentor a respeito de um benfeitor de grande elevação que ainda trabalhava junto à Terra, obtém a seguinte resposta: “(...) acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso orbe, junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam, ansiosos, o instante de serem convocados às divinas assembleias que regem o nosso sistema solar. Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a formar, um dia, na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáctico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo que a nossa Via-Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!...” Tal explicação corrobora que os Espíritos estão em toda parte, de acordo com sua elevação e ocupações.


Kardec ainda nos lembra, na questão 279, de "O Livro dos Espíritos", que nem todos os Espíritos têm acesso aos diferentes grupos ou sociedades; que esse acesso está condicionado ao seu grau de evolução. “Os bons vão a toda parte e assim deve ser, para que possam influir sobre os maus. As regiões, porém, que os bons habitam estão interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as perturbem com suas paixões inferiores.”

Como exemplo desta afirmação, André Luiz, no livro "Os Mensageiros", cita a existência de um sistema vibratório de vigilância e que mesmo as portas físicas de uma residência ofereciam resistência à passagem de Espíritos desencarnados.

Bons estudos!
Carla e Hendrio

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987.
KARDEC, Allan. “Revista Espírita de Março de 1858”. 1ª Edição. São Paulo, SP: IDE. 1993. “A pluralidade dos mundos”.
XAVIER, Francisco Cândido. “Obreiros da Vida Eterna”. 23ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1998. Cap. 3.
XAVIER, Francisco Cândido. “Os Mensageiros”. 34ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 2000. Cap. 34.



quarta-feira, 22 de julho de 2009

O Corpo Físico

“Ao nascer ganhamos um cavalo – o nosso corpo. Só que, com o tempo, se o cavalo adoece e morre, pensamos que somos nós que morremos.”
(José Bento Renato Monteiro Lobato, escritor brasileiro)


A poética narrativa do Espírito Eros ao médium Divaldo Pereira Franco* apresenta-nos mais uma maravilhosa passagem da vida de São Francisco de Assis. Conta ele que, São Francisco e Frei Leão estavam numa gruta, onde terminavam as suas orações. Frei Leão, sentido o amigo cansado e febril, propôs-lhe uma questão:

"- Tenho um amigo, meu Pai, que vive amorosamente. É gentil com todos, com a terra, o céu, o sol, a água. Chama irmãos aos animais. No entanto, possui belo animalzinho, que, sem reclamação, atende-o manso e ao qual nega proteção... O doce jumentinho. Sofre frio, sem protestar; abre-se em feridas, o pobrezinho, sem cansar-se na caminhada. - "Vem aqui, meu animal. Vamos até acolá." Impõe-lhe, sem compaixão. E o pobre serviçal segue em frente, com alegria. Agora, porém, já não mais suporta nem a carga pesada, nem a canga. Está prestes a cair, sem forças, sem repouso, não se atrevendo a pedir ajuda ou piedade."

São Francisco perguntou-lhe quem era o insensato que agia com tanta indiferença e sem compaixão. Frei Leão respondeu com serenidade:

"- Esse animal gentil e pequeno é o vosso corpo, meu Pai, que resignado vos serve e conduz os passos firmes no rumo da Eterna Luz... "

São Francisco, caindo em si, acariciou o corpo, entre lágrimas, e disse:

"- Perdoa-me, jumentinho, a minha falta de carinho... Fui muito ingrato contigo, embora fosse teu amigo... Ajudar-te-ei, agora, ser-te-ei mais reconhecido, e peço-te perdão... "

A noite chegou enquanto São Francisco, de alma serena, prometia ajuda ao corpo enfermo. Não pôde dedicar-se, todavia, porque, no outro dia, doce e suavemente, o jumentinho morria...




Súplica do Corpo**

Amigo,

Ajude-me a ajudá-lo.
Sou o indócil jumentinho*** que o conduz.
É verdade que não viveria sem você; no entanto, convém você lembrar que não cresceria sem mim.
Reconheço ser todo construído de impulsos a lhe vitalizar as lembranças adormecidas na mente. Discipline-me.
Tenho fome e sinto frio, experimento cansaço e me tortura a sede. Ensine-me o equilíbrio, corrigindo-me a insatisfação.
Necessito de asseio para viver. Não me relegue ao descaso.
Minha submissão ou rebeldia dependem da sua condução.
Não lhe poderei servir a contento se me não ensinar a docilidade mediante o exercício da frugalidade.
Recorde-me sempre que devo zelar-me para viver e não viver para cuidar-me.
Nascido na umidade, inclino-me sempre, por capricho de origem, para as baixadas pegajosas. Mostre-me o céu, apresente-me o Sol, aponte-me a Natureza gloriosa, vestida de luz.
Organizado por efeito de nobre instinto, favoreço mais facilmente a sua demora na sensação. Respeite-me a organização e eu o ajudarei na ascensão, sutilizando a minha estrutura.
Não me perverta a finalidade.
Nasci para servi-lo; não desejo ser o seu algoz. Não me algeme ao vício.
Eduque-me na continência da vontade e atenderei prontamente ao seu comando.
Se você me amar sem paixão e me equilibrar sem crueldade, ser-lhe-ei escravo fiel e reconhecido.
E, quando já não o possa ajudar, saberei calar a minha voz, retornando ao pó donde surgi, deixando-o livre como andorinha de luz na perene Primavera do Paraíso.
Amigo, enobreça-me para que eu o possa salvar. Sou o seu corpo, obediente e submisso, necessitado de proteção.

Marco Prisco

*No Longe do Jardim
** FRANCO, Divaldo P. “Ementário Espírita”. Pelo Espírito Marco Prisco. 4 ed. Matão, SP: Casa Editora O Clarim. P. 15-16.
*** Expressão usada por Francisco de Assis.

Leia também, neste blog, as postagens “Influência do Organismo” e “Tranquilidade no Retorno à Pátria Espiritual”.

Bons estudos!
Carla e Hendrio

domingo, 12 de julho de 2009

"O amor cobre uma multidão de pecados."

Conforme a primeira epístola de Pedro (I Pedro, 4:8), “o Amor cobre uma multidão de pecados”, podemos resgatar, através da prática do Bem, o mal praticado em outras instâncias.

No Capítulo VI de “O Céu e o Inferno”, o Codificador discorre sobre a não existência de penas eternas. Não há um determinismo inflexível no planejamento reencarnatório. O objetivo do Criador é que cumpramos com sabedoria a sua Lei.

Jesus, em Mateus 9:13, corrobora a citação de Oséias 6:6, quando diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Pois eu não vim chamar os justos, e, sim, os pecadores ao arrependimento” (leia, também, a respeito dessas duas citações bíblicas, a postagem "Reconciliação", neste blog).

Na Obra “Ação e Reação”*, o companheiro de estudos de André Luiz, Hilário, ao interpelar sobre se há um determinismo de ordem absoluta, recebe o esclarecimento do instrutor Sânzio: “Sim, nas esferas primárias da evolução, o determinismo pode ser considerado irresistível. E o mineral obedecendo a leis invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios organogênicos, mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Por isso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei.” André Luiz questiona se isso se aplica mesmo às piores posições expiatórias, e recebe a orientação: “Como não? – falou o Ministro, generoso – imaginemos um delinqüente monstruoso, segregado na penitenciária. Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer liberdade na enxovia comum. Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio para ajudar ou desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de si mesmo.”

O esquema abaixo demonstra como uma resolução de melhoria pode afetar um planejamento reencarnatório.



Um exemplo prático é retratado pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro "A Vida Escreve"**, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pôde perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a Justiça Divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: "Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça..."

Veja também, neste blog, em relação ao tema, as postagens Penas ‘Eternas’”, Pecado — Hamartia — Peccatu”, “A lei de talião”, “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”, “Tranquilidade no Retorno à Pátria Espiritual” e “Considerações sobre o aborto induzido”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


* XAVIER, Francisco Cândido. “Ação e Reação”. 19ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1998. Cap. 7.
** XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. “A Vida Escreve”. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1986.

sábado, 11 de julho de 2009

Expiação, Prova e Missão

Segundo o Dicionário Aurélio, expiação é ato ou efeito de expiar, que significa “remir (a culpa), cumprindo pena; pagar” ou “purificar-se (de crimes ou pecados).” Já prova significa “ato que atesta ou garante uma intenção, um sentimento; testemunho, garantia”. Missão significa “obrigação, compromisso, dever a cumprir”.

A expiação está relacionada ao passado, enquanto a prova está relacionada ao futuro do Espírito. Podemos inferir tal raciocínio a partir das palavras do Codificador na “Revista Espírita” de Setembro de 1863: “O candidato que se apresenta para obter um grau, sofre uma prova; se fracassa, lhe é preciso recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência levada no primeiro; a segunda prova torna-se assim uma expiação.”

Missão é uma tarefa a que o Espírito se propõe a fazer (LE 572) e pode ser desempenhada tanto na erraticidade quanto encarnado. Neste sentido, Kardec comenta, à questão 569 de “O Livro dos Espíritos”: “As missões dos Espíritos têm sempre por objeto o bem. Quer como Espíritos, quer como homens, são incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de idéias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais e de velar pela execução de determinadas coisas. Alguns desempenham missões mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como sejam assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e protetores, dirigi-los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos. Pode dizer-se que há tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, assim no mundo físico, como no moral. O Espírito se adianta conforme à maneira por que desempenha a sua tarefa”. Os Espíritos esclarecem também, à questão 573, que a missão dos Espíritos encarnados consiste em “instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instruí. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.”

O Codificador, todavia, lembra o foco que deve ser dado, menos às questões de palavras, e mais ao resultado que se obtém de nossos estudos. Kardec cita, em resposta a questão concernente à definição de expiação e prova na “Revista Espírita” de Setembro de 1863: “As misérias deste mundo são, pois, expiações pelo seu lado efetivo e material, e provas pelas suas conseqüências morais. Qualquer que seja o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: a melhoria. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril fazer uma questão de princípio de uma questão de palavra; isso provaria que se liga mais importância às palavras do que à coisa.”


A respeito do tema, leia também, neste blog, as postagens “A lei de talião”, “Espíritos missionários”, “Programa Evolutivo” e “A Prova da Escolha das Provas”.

Bons estudos!
Carla e Hendrio

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Muitas Moradas

"Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito." Jesus (João 14:02)

De acordo com "O Evangelho Segundo o Espiritismo", a Terra encontra-se na categoria de Mundo de Expiação e Provas, em transição para Mundo de Regeneração.

Tal processo de transição é relatado pelo Codificador, em "A Gênese", nos seguintes termos: “Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de sentimentos mais humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para as justas pacíficas da inteligência.”

Em uma palestra na cidade de Amparo, interior paulista, em novembro de 2006, Divaldo Pereira Franco*, explanando sobre o tema “crianças índigo”, relatou que milhões de Espíritos provenientes de Alcíone, uma estrela de terceira grandeza, pertencente à constelação das Plêiades, já estão reencarnando na Terra, a qual chega ao momento de proceder sua mudança na escala dos mundos, passando à categoria de Mundo de Regeneração, quando o Sistema Solar, a partir da década 1970/1980 passou a atravessar o grande cinturão de fótons de Alcíone, fato também comprovado pela Ciência. Esses Espíritos têm formado uma nova sociedade, que tem preocupado psicólogos, pedagogos, psiquiatras e sociólogos, caracterizando-se como crianças rebeldes, portadoras de distúrbios de atenção e hiperatividade e que estão chegando à Terra com uma finalidade especial, a de criar outro biótipo humano, desenvolver na área do neocórtex funções de natureza transcendental, porque o ser humano do futuro será portador de seis sentidos, acrescentando a sensação parafísica, preparando a Terra para a Nova Era, conforme Allan Kardec já houvera previsto no livro A Gênese, em seu último capítulo. Em suas palavras: “A partir de 2012, quando a Terra e o Sistema Solar mergulharem totalmente no cinturão de fótons de Alcíone, o mundo receberá a grande legião dos Espíritos formadores da Nova Era, prevista por Kardec, anunciada por João, proposta por Jesus, e constante dos textos antigos da Bíblia.”



Assim, Espíritos adiantados aqui reencarnam, desde a raça adâmica, para auxiliar o progresso da Humanidade, dando cumprimento a uma missão, bem como ao seu próprio adiantamento.

O Sr. Nelson Oliveira e Souza, presidente do Centro Espírita Terezinha de Jesus, em Ramos, Rio de Janeiro, em entrevista concedida ao jornal O Mensageiro**, comentando o tema em apreço, esclarece que: “Cada morada da Casa do Pai apresenta uma faixa espiritual vibratória permissível, acolhendo, isto é, imantando os Espíritos que se identificam dentro de tal faixa vibratória de progresso moral. Quando dizemos que a Terra está a passar da categoria de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração, é aquela sua faixa espiritual vibratória permissível que está a se movimentar para frente na escala da evolução. Esta movimentação não é instantânea, mas pelo contrário, vai se operando gradualmente através do tempo, de tal forma que os Espíritos que vão ficando aquém do limite inferior da faixa vibratória permissível, têm que ser retirados para outros mundos, evidentemente, piores do que a Terra. Os Espíritos que na Terra progridem muito, científica e moralmente, ultrapassando o limite superior da faixa espiritual vibratória, já podem ser conduzidos para outras moradas mais evoluídas.”

Traduzindo graficamente as palavras do Sr. Nelson, apresentamos o seguinte esquema:




Em síntese, consideramos que a Terra é um planeta em fase de transição, onde vibrações distintas estão presentes e podemos escolher com mais facilidade de qual lado nos posicionaremos.

Conforme as palavras da mentora Joanna de Ângelis***, no entanto, cabe a nós participarmos ativamente do processo de transformação para o mundo de regeneração, cuidando de nossa reforma íntima. “Reorganiza, desse modo, a paisagem espiritual, sob a ação evangélica, clarificando o báratro íntimo que te atormenta, com a lâmpada do conhecimento espírita. Impostergável dever para a obra regenerativa, que poderá conduzir-te com segurança à rota da harmonia, que deve merecer carinho imediato.

“Se não parece lícito intentar de um para outro momento a tarefa de
transformação interior, não é, igualmente, justificável adiar para depois o que podes produzir de imediato.
“Toda aquisição se converte em patrimônio inalienável, que não convém ser desprezado.

“Jesus, ensinando sabedoria e vivendo-a, conclamou a todos que Lhe recebiam a diretriz de segurança: ‘Vai em paz e não tornes a pecar para que te não aconteça algo pior.’

“Os Seus convites foram sempre incisivos e concisos, refletindo um tempo único para a ação regenerativa: agora!
Hoje, portanto, fulgura tua oportunidade abençoada de regeneração espiritual. Inicia-a e avança na direção do sem fim da perfeição que pretendes atingir, tornando-te ‘imitador de Deus como filho bem-amado’.”


Leia também, neste blog, as postagens “Família Espiritual” e “Espíritos missionários”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio



* Divaldo em São Paulo e Minas Gerais. Disponível em: http://www.divaldofranco.com/noticias.php?not=35. Acesso em 05.04.2009.
** Entrevista com o Sr. Nelson Oliveira e Souza. Disponível em: http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-4.htm. Acesso em: 05.04.2009.
*** FRANCO, Divaldo P. “Convites da Vida”. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 4ª ed. Salvador: BA, Livraria Espírita Alvorada, 1988, cap. 48.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Inteligência e Instinto

O tema é tratado pelos Espíritos à pergunta 73 de “O Livro dos Espíritos”, na qual afirmam que o instinto é uma espécie de inteligência, uma inteligência sem raciocínio. Kardec comenta a pergunta 75 nos seguintes termos:

“O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.”

“O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e as suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade”.

O instinto se reflete na história de nosso desenvolvimento físico, manifestando-se também no cérebro, em regiões específicas, como apresentaremos a seguir.

Bezerra de Menezes, no livro "A Loucura sob Novo Prisma", afirma que a alma depende do corpo para se expressar. Um maior domínio sobre as potencialidades do nosso cérebro é útil para que possamos nos expressar melhor. O neurologista americano Paul MacLean* modelou que possuímos 3 cérebros que operam interconectados, mas cada um com sua inteligência, subjetividade, senso de tempo, espaço e memória.


- O “cérebro réptil” (tronco cerebral) é responsável pelos processos de preservação da vida física;
- O “cérebro mamífero” (sistema límbico) é responsável pelo comportamento emocional e instintivo;
- O “cérebro neomamífero” (neocórtex) é o responsável da linguagem, raciocínio e comportamento racional.

Este modelo é coerente com o do “castelo de 3 andares” apresentado por Calderaro a André Luiz nos capítulos 3 e 4 da obra “No Mundo Maior”, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. O estacionamento do indivíduo em qualquer uma dessas regiões traz prejuízo ao Espírito. De modo diverso, a harmonização de cada uma das regiões à sua função proporciona equilíbrio à alma.

O instinto não pode ser visto como uma manifestação “inferior”, visto que continua sendo fundamental à nossa preservação como animal. O que devemos evitar, isso sim, são palavras ou ações, originadas do cérebro emocional (cérebro mamífero), sem o crivo do cérebro racional (neomamífero). Aquele que nos ouve, pode reagir de maneira semelhante, apenas utilizando seu cérebro emocional, no intuito de se defender de uma ameaça. A vida deve ser vivida o mais conscientemente possível, reduzindo reações explosivas a fatos cotidianos.

Aduzimos que os instintos também evoluem, como afirma o Espírito Lázaro, em sua mensagem em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.”

“(...) Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos.”

Leia também, neste blog, as postagens “A Inteligência” e “A lei de talião”. A respeito da obra “A Loucura sob Novo Prisma”, de Bezerra de Menezes, leia também, neste blog, as postagens “Influência do organismo” e “Loucura sem lesão cerebral”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


* MACLEAN, Paul D. “The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions”. Plenum Press. New York, 1990.

domingo, 5 de julho de 2009

Simples e Ignorantes (2)

Ainda na Revista Espírita de Janeiro de 1864, Kardec transcreve uma pergunta e sua resposta, pertinentes ao tema, que reproduzimos a seguir, para encerramento do tema: “Pergunta. Duas almas, criadas simples e ignorantes, não conhecem nem o bem nem o mal, vindo sobre e Terra. Se, numa primeira existência, uma segue o caminho do bem e a outra o do mal, como é, de alguma sorte, o acaso que as conduz, não merecem nem punição nem recompensa. Essa primeira viagem terrestre não deve ter servido senão a dar, a cada uma, a consciência de sua existência, consciência que não tinha de início. Para ser lógico, seria preciso admitir que as punições e as recompensas não começam a ser infligidas, ou concedidas, senão a partir da segunda encarnação, quando os Espíritos sabem distinguir o bem dentre o mal, experiência que lhes falta em sua criação, mas que adquiriram por meio de sua primeira encarnação. Esta opinião é fundada?
Resposta. Embora esta questão já esteja resolvida pela Doutrina Espírita, vamos respondê-la para a instrução de todos.

Ignoramos absolutamente em quais condições são as primeiras encarnações da alma; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Sabemos somente que elas são criadas simples e ignorantes, tendo todas assim um mesmo ponto de partida, o que está conforme à justiça; o que sabemos ainda, é que o livre arbítrio não se desenvolve senão pouco a pouco e depois de numerosas evoluções na vida corpórea.

Não é, pois, nem depois da primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem uma consciência bastante limpa de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é talvez senão depois da centésima, talvez da milésima; ocorre o mesmo com a criança que não goza da plenitude das suas faculdades nem um, nem dois dias depois de seu nascimento, mas depois dos anos. E ainda, então que a alma goza de seu livre arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; assim é, por exemplo, que um selvagem que come seus semelhantes é menos punido do que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Nossos selvagens, sem dúvida, estão muito atrasados com relação a nós, e, no entanto, estão muito longe de seu ponto de partida.

Durante longos períodos, a alma encarnada está submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou, para melhor dizer, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos; é então somente que começa a responsabilidade séria.

O autor da pergunta comete, além disso, dois erros graves: o primeiro é admitir que o acaso decide do bom ou do mau caminho que o Espírito segue em seu princípio. Se houvesse acaso ou fatalidade, toda responsabilidade seria injusta. Como dissemos, o Espírito está, durante numerosas encarnações, num estado inconsciente; a luz da inteligência não se faz senão pouco a pouco, e a responsabilidade real não começa senão quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa.

O segundo erro é admitir que as primeiras encarnações humanas têm lugar sobre a Terra. A Terra foi, mas não é mais um mundo primitivo; os seres humanos mais atrasados que se acham sobre a sua superfície já despojaram os primeiros cueiros da encarnação, e nossos selvagens estão em progresso comparativamente ao que tinham antes de seu Espírito vir se encarnar sobre este globo. Que se julgue agora no número de existências que são necessárias a esses selvagens para transporem todos os graus que os separam da civilização mais avançada; todos esses graus intermediários se encontram sobre a Terra sem solução de continuidade, e pode-se segui-los observando-se as nuanças que distinguem os diferentes povos; não há senão o começo e o fim que aqui não se encontram; o começo se perde para nós nas profundezas do passado, que não nos é dado penetrar.

Isto, de resto, pouco nos importa, uma vez que este conhecimento não nos adiantaria em nada. Nós não somos perfeitos, eis o que é positivo; sabemos que as nossas imperfeições são os nossos únicos obstáculos para a nossa felicidade futura, estudemo-nos, pois, a fim de nos aperfeiçoarmos. No ponto onde estamos, a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sadiamente o bem e o mal, e é neste ponto também que sua responsabilidade está mais empenhada; porque não se pode mais dizer dele o que disse Jesus: ‘Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem’.”


Veja também a primeira parte desse estudo, na postagem “Simples e Ignorantes”, neste blog.

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Simples e Ignorantes (1)

Segundo os Espíritos da Falange do Consolador Prometido, em resposta à questão 115, proposta pelo Codificador, em "O Livro dos Espíritos" (designado no presente texto como LE), “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de Si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõem é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns, aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando, e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.”

A expressão “sem saber”, utilizada pelos Espíritos nessa assertiva é explicada por Kardec no livro "O Céu e o Inferno", Primeira Parte, Capítulo VIII, item 12, como sendo “sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta.”

Além de simples e ignorantes, os Espíritos desfrutam do livre-arbítrio (LE 121), podendo escolher por si mesmos o bem ou o mal.

Aqueles que sempre seguiram o caminho do bem, igualmente necessitam das experiências corporais, para terem o mérito da evolução (LE 133) e conhecerem o bem e o mal (LE 634). Não estão isentos dos sofrimentos da vida corporal, porém, chegam mais rapidamente ao fim almejado (LE 133-a).

Aqueles que escolheram o caminho do mal, não ficarão eternamente nele, pois Deus não criou ninguém destinado ao mal eterno. Nas palavras de São Luís, à questão 1006 de "O Livro dos Espíritos", “apenas os criou a todos simples e ignorantes, tendo todos, no entanto, que progredir em tempo mais ou menos longo, conforme decorrer da vontade de cada um. Mais ou menos tardia pode ser a vontade, do mesmo modo que há crianças mais ou menos precoces, porém, cedo ou tarde, ela aparece, por efeito da irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da inferioridade e de se tornar feliz.”

É importante ressaltar que o Espírito, em sua jornada evolutiva, não precisa passar pela fieira (experiência pela qual alguém tem de passar) do mal, e sim da ignorância (LE 120).

Em "O Céu e o Inferno", capítulo III, O Céu, item 6, o Codificador cita que “Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de aptidões para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude do seu livre-arbítrio. Pelo progresso adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, conseguintemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles veem, ouvem, sentem, e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver, sentir, ouvir ou compreender.”

Todos os Espíritos têm o mesmo meio adquirir o conhecimento (trabalho) e o mesmo fim almejado (perfeição).

A justiça divina se patenteia neste fato, pois “Deus não aquinhoou melhor a uns do que a outros, porquanto é justo e, justo serem todos seus filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo o que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte.”

Corroborando este pensamento, o Codificador explica na obra "A Gênese", capítulo XI, item 7, que: “O que Deus permite que seus mensageiros lhe digam e o que, aliás, o próprio homem pode deduzir do princípio da soberana justiça, atributo essencial da Divindade, é que todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades individuais; que todos atingirão o grau máximo da perfeição com seus esforços pessoais; que todos, sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho imposto aos demais para atingirem a meta”.


Poder-se-ia pensar que há queda moral para o Espírito que escolhesse o caminho do mal. Kardec, em comentário da "Revista Espírita" de Junho de 1863, considera que: “Não há queda senão na passagem de um estado relativamente bom a um estado pior; ora, o Espírito criado simples e ignorante está, em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer; se não fez o mal, não fez, não mais, o bem; não é nem feliz nem infeliz; age sem consciência e sem responsabilidade; uma vez que nada tem, nada pode perder, e não pode, não mais, retrogradar; sua responsabilidade não começa senão do momento em que se desenvolve nele o livre arbítrio; seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e racional; por conseqüência, o mal que faz mais tarde infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhes foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a conseqüência do mau caminho em que se empenhou.”


Veja também a continuação desse estudo, na postagem “Simples e Ignorantes (2)”, bem como as postagens “Por que Deus criou a nós e o Universo?” e “O Bem e o Mal”, neste blog. A respeito do tema missões, leia também a postagem “Espíritos missionários”.

Bons estudos!
Carla e Hendrio