terça-feira, 30 de março de 2010

Materialismo, Progresso e Espiritismo – pontos de interseção

O que é o progresso?
Como o progresso se relaciona com as ideias materialistas e espíritas?
Há algum ponto de interseção entre essas doutrinas?

O entendimento do termo “progresso”, à primeira vista, parece de simples compreensão e o é. Segundo o dicionário [1], progresso significa:

1. ação ou resultado de progredir; progressão, progredimento
2. movimento para diante; avanço
3. o fato de se expandir, propagar-se; propagação, expansão
4. mudança de estado (de algo) que o move para um patamar superior; crescimento, desenvolvimento, aumento
5. mudança considerada desejável ou favorável; avanço, melhoria, desenvolvimento
6. incorporação, no dia-a-dia das pessoas, das novas conquistas no campo tecnológico, da saúde, da construção, dos transportes etc.
7. processo de enriquecimento de uma cidade, uma região, um país etc., com a instalação de indústrias e casas comerciais, transporte urbano, estradas, meios de comunicação etc.; desenvolvimento.

Consideremos que o progresso, ou seja, o “movimento para diante, o avanço”, pode ocorrer sob vários aspectos: intelectual, moral, material, social, para citarmos alguns. E a sobreposição desses diferentes tipos de progresso é encarada de modo diferente pelo Materialismo e pelo Espiritismo.

Segundo a visão materialista, em se considerando como Materialismo a doutrina que entende a vida voltada para os bens materiais, ou ainda, que a inteligência do homem é uma propriedade da matéria, que nasce e morre com o organismo [2], nada há antes nem depois da vida física. Dessa forma, o progresso só se realizaria do ponto de vista material/intelectual, sem comprometimento com o progresso espiritual e social. O Materialismo, apresentando os gozos materiais como as únicas coisas reais e desejáveis, tem como consequência lógica o tornar sem fundamento os deveres sociais, o não apresentar outra alternativa senão o suicídio àquele que vivencia sofrimentos (sejam físicos ou emocionais), o tornar sem freios os indivíduos na sociedade, que só visariam o seu próprio bem-estar em detrimento da coletividade.

Já a visão espírita, com uma concepção mais ampla do progresso, não se fixa, como se poderia pensar, a princípio, somente na sua acepção espiritual; contempla ainda, o progresso material/intelectual e bem como o social, todos necessários ao desenvolvimento do Espírito.

Os Espíritos Superiores, esclarecendo a Kardec, e por extensão a nós, respondendo à questão número 168 de “O Livro dos Espíritos” [3], afirmam que “a cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso.” E mais adiante, na questão 365 [4], esclarecem que: “o Espírito progride em insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período da sua existência, ele se adianta em ciência; durante outro, em moralidade.”

Assim, o Espírito, considerado em sua individualidade, progride pouco a pouco e constantemente, e de modo diverso em vários campos: o moral, o intelectual, o social.

Encarnados, os Espíritos, trabalhando pelo seu progresso individual, também concorrem para o progresso da Humanidade, já que “nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contacto social.” [5]

O progresso não pode ser concebido numa visão simplista, que poderia considerar que os povos mais desenvolvidos intelectualmente também o seriam moralmente (o que nem sempre se observa). Ainda mais uma vez esclarecem os Espíritos que [6]: “O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se..”

A lei de progresso, como lei natural, estende-se a toda Criação. Os Espíritos da Falange do Consolador Prometido esclarecem que [7], “os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própria Terra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.”


São palavras do Codificador, em se referindo ao estudo do Espiritismo [8]: “Esperamos que dará outro resultado, o de guiar os homens que desejem esclarecer- se, mostrando-lhes, nestes estudos, um fim grande e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o caminho que conduz a esse fim.”

Concluindo, há um ponto de interseção na concepção do progresso entre o Materialismo e o Espiritismo, no que concerne ao progresso material e intelectual (embora divirjam quanto a fonte da inteligência). Há de se considerar, no entanto, que o Materialismo não explica de forma racional e lógica o progresso espiritual e social, tal qual faz o Espiritismo, que considera o homem como Espírito encarnado, com uma trajetória evolutiva muito maior do que a de apenas uma existência física.

Bons estudos!

Carla e Hendrio


Referências:
[1] Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa Edição especial – março 2002. apud MONEGO, Sonia. “Ideia de Progresso – uma reflexão” Disponível em: www.upf.br/ppgh/download/Sonia%20Monego.prn.pdf .Acesso em: 30.03.2010.
[2] KARDEC, A. “Obras Póstumas.” 27.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995. As cinco alternativas da Humanidade - § 1º Doutrina materialista.
[3] KARDEC, A. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB: 1987. Questão 168.
[4] Ibidem, Questão 365.
[5] Ibidem, Questão 779.
[6] Ibidem, Questão 780 b.
[7] Ibidem, Questão 185.
[8] Ibidem, Introdução, XVII.


quarta-feira, 24 de março de 2010

O Bem e o Mal

Muitas questões acerca do bem e do mal podem surgir em nossos pensamentos. Vejamos como algumas dessas questões, formuladas em linguagem coloquial, são explanadas pela Doutrina Espírita.

Sugerimos, contudo, a leitura dos textos completos em “O Livro dos Espíritos” e demais obras a seguir citadas, pois não apenas as respostas, mas também as próprias perguntas de Allan Kardec aos Espíritos devem ser estudadas com atenção. A fim de obtermos os esclarecimentos que procuramos, devemos planejar e estudar as questões que formulamos.

  • O que é o mal?
“Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. (...)” [1]

Foto: Hendrio Belfort
  • Deus criou o mal?
“Deus não criou o mal; Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente, seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal.” [2]

“Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem.” [3]

  • Quais são as causas e origens do mal que aflige a Humanidade na Terra?
“A imperfeição dos Espíritos que aqui se encarnam, é a origem do mal na Terra (...). O nosso mundo pode ser considerado, ao mesmo tempo, como escola de Espíritos pouco adiantados e cárcere de Espíritos criminosos. Os males da nossa humanidade são a consequência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos que a formam. Pelo contacto de seus vícios, eles se infelicitam reciprocamente e punem-se uns aos outros.” [4]

  • Mas, se Deus não criou o homem perfeito, não terá criado, ao menos, a causa do mal?
“Se fora criado perfeito, o homem fatalmente penderia para o bem. Ora, em virtude do seu livre-arbítrio, ele não pende fatalmente nem para o bem, nem para o mal. Quis Deus que ele ficasse sujeito à lei do progresso e que o progresso resulte do seu trabalho, a fim de que lhe pertença o fruto deste, da mesma maneira que lhe cabe a responsabilidade do mal que por sua vontade pratique. (...)” [5]

  • Deus não poderia ter criado a Humanidade mais avançada moralmente?
“Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e Ignorantes. (...) Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. (...) É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mal. Eis por que se une ao corpo.” [6]

  • Então somos destinados ao mal em algumas existências?
“Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus. (...) Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a determinação de ser relapso ou vicioso, madraço ou delinquente, com passagem justificada no latrocínio ou na dipsomania, no meretrício ou na ociosidade, no homicídio ou no suicídio. Padecemos, sim, nesse ou naquele setor da vida, durante a recapitulação de nossas próprias experiências, o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação, originariamente toda nossa, de tornar a ser o que já fomos, em contraposição ao que devemos ser.” [7]

“É preciso fazermos uma distinção entre a alma e o homem. A alma é criada simples e ignorante, isto é, nem boa nem má, porém suscetível, em razão do seu livre-arbítrio, de seguir o bom ou o mau caminho, ou, por outra, de observar ou infringir as leis de Deus. O homem nasce bom ou mau, segundo seja ele a encarnação de um Espírito adiantado ou atrasado.” [8]

  • De onde vem a doutrina da luta entre forças do bem e do mal?
“(...) Durante muito tempo o homem não compreendeu senão o bem e o mal físicos; os sentimentos morais só mais tarde marcaram o progresso da inteligência humana, fazendo-lhe entrever na espiritualidade um poder extra-humano fora do mundo visível e das coisas materiais. Esta obra foi, seguramente, realizada por inteligências de escol, mas que não puderam exceder certos limites.
Provada e patente a luta entre o bem e o mal, triunfante este muitas vezes sobre aquele, e não se podendo racionalmente admitir que o mal derivasse de um benéfico poder, concluiu-se pela existência de dois poderes rivais no governo do mundo. Daí nasceu a doutrina dos dois princípios, aliás lógica numa época em que o homem se encontrava incapaz de, raciocinando, penetrar a essência do Ser Supremo. (...)
Para compreender como do mal pode resultar o bem, é preciso considerar não uma, porém, muitas existências; é necessário apreender o conjunto do qual — e só do qual — resultam nítidas as causas e respectivos efeitos.” [9]

  • Não podemos cometer um mal, pensando estar fazendo o bem?
“Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.” [10]


  • Temos um guia a seguir para nos indicar estarmos fazendo o mal?
“Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. (...) Se atendesse sempre à voz que lhe diz — basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza.” [11]

  • Bem e mal são absolutos para todos?
“(...) O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade.” [12]

  • Como se afigura essa graduação de responsabilidade do mal?
“(...) a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos.” [13]

  • Mas não pode haver algo que pareça um mal, e que depois vê-se ter sido um bem (do dito popular “há males que vêm para bem”)?
“(...) O homem, cujas faculdades são restritas, não pode penetrar, nem abarcar o conjunto dos desígnios do Criador; aprecia as coisas do ponto de vista da sua personalidade, dos interesses factícios e convencionais que criou para si mesmo e que não se compreendem na ordem da Natureza. Por isso é que, muitas vezes, se lhe afigura mau e injusto aquilo que consideraria justo e admirável, se lhe conhecesse a causa, o objetivo, o resultado definitivo. Pesquisando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, verificará que tudo traz o sinete da sabedoria infinita e se dobrará a essa sabedoria, mesmo com relação ao que lhe não seja compreensível.” [14]

  • Como fica a situação de quem faz um mal pelas circunstâncias que outras pessoas o impuseram?
“O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar.” [15]

  • Se eu não fiz um mal, mas tive proveito dele, tenho responsabilidade pelo mesmo?
“É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. (...) Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por falta de ocasião, é culpado quem o deseja.” [16]

  • Somente não fazer o mal é o que Deus espera de nós?
“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.” [17]

“(...) não fazer o bem já é um mal.” [18]

“Figurando o mal pelo negativo (-1) e o bem pelo positivo (+1), e o perdão pelo 0 (zero), temos as seguintes equações:
(-1) + (-1) = -2 - mal feito mais mal retribuído = mal duplo
(-1) + 0 = -1 - mal feito mais perdão = 1 mal
(-1) + (+1) = 0 - mal feito mais benefício prestado = mal anulado.
Então, matematicamente se prova que só o bem praticado em favor de quem nos faça o mal é que consegue extirpar a dor e o sofrimento da face da Terra.” [19]

  • A fixação no mal tem um mecanismo para acabar, ou o mal se autoalimenta indefinidamente?
“(...) Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. (...)” [20]

  • Há maior ou menor mérito no bem que se faça?
“O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo da viúva.” [21]

(Passagem do óbolo da viúva: Marcos 12:41-44 e Lucas 21:01-04. Algumas traduções desses trechos bíblicos mantiveram as denominações originais da moeda da época, quais sejam, lepton e quadrante. Óbolo é uma unidade de massa padronizada na Grécia antiga, correspondente a 0,6 g. Um lepton, menor unidade monetária da época, tinha massa de 1,55 g; um quadrante, correspondente a dois lepta e a um quarto de um asse, tinham massa de 3 g; um asse ou as, massa de 10 g. Fonte: http://www.capuchinhos.org/siteantigo/porciuncula/biblia/suplementos.htm. A título de comparação com moedas atuais: a moeda de 1 real tem massa de 7 g, e a moeda de 1 centavo, massa de 2,43 g)
  • O que podemos fazer para melhor entender o bem e o mal e nos aperfeiçoarmos?
“Não somos perfeitos, eis o que é positivo; sabemos que nossas imperfeições são o único obstáculo à nossa felicidade futura; portanto, estudemo-nos, a fim de nos aperfeiçoarmos. No ponto em que estamos a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: ‘Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem.’” [22]

  • Eu fazer o bem, também faz bem para mim?
“A caridade jamais se acaba.
O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.
Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.
Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.” [23]

“Não será lícito, porém, esquecer que o bem constante gera o bem constante e, que, mantida a nossa movimentação infatigável no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativamente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxílio, nascidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e amor puro, sem necessidade expressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para eliminar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos incorporem, ainda, ao fundo mental.
Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na autodefensiva contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.” [24]

  • Quando o bem prevalecerá na Terra?
“O exame daqueles que já viveram, provando que a soma da felicidade futura está na razão do progresso moral efetuado e do bem que se praticou na Terra; que a soma de desditas está na razão dos vícios e más ações, imprime em quantos estão bem convencidos dessa verdade uma tendência, assaz natural, para fazer o bem e evitar o mal.
Quando a maioria dos homens estiver convencida dessa ideia, quando ela professar esses princípios e praticar o bem, este, impreterivelmente, triunfará do mal aqui na Terra; procurarão os homens não mais se molestarem uns aos outros, regularão suas instituições sociais — tendo em vista o bem de todos e não o proveito de alguns; em uma palavra, compreenderão que a lei da caridade ensinada pelo Cristo é a fonte da felicidade, mesmo neste mundo, e assim basearão as leis civis sobre as leis da caridade.” [25]


Leia também, neste blog, as postagens “O Céu e o inferno”, “A lei de talião”, “Pecado — Hamartia — Peccatu”, “A Influência de ‘Maus’ Espíritos” , “Maus Pensamentos”, “Amar o Próximo” e “A Prova da Escolha das Provas”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:

[1] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo III (“O Bem e o Mal”), item 8.
[2] KARDEC, Allan. “O Que É o Espiritismo”. 53ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2005. Capítulo III (“Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita”), item 129.
[3] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo III (“O Bem e o Mal”), item 1.
[4] KARDEC, Allan. “O Que É o Espiritismo”. 53ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2005. Capítulo III (“Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita”), itens 131 e 132.
[5] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo III (“O Bem e o Mal”), item 9.
[6] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Questão 634.
[7] XAVIER, Francisco Cândido. “Evolução em Dois Mundos”. Pelo Espírito André Luiz. 14ª ed. Rio de Janeiro, RJ: 1995. Capítulo XVIII, “Evolução e destino”.
[8] KARDEC, Allan. “O Que É o Espiritismo”. 53ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2005. Capítulo III (“Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita”), item 130.
[9] KARDEC, Allan. “O Céu e o Inferno”. 37ª ed. Rio de Janeiro, RJ: 1991. 1ª Parte, Capítulo IX (“Os Demônios”), itens 3 e 4.
[10] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Questão 632.
[11] Ibidem, Questão 633.
[12] Ibidem, Questão 636.
[13] Ibidem, Questão 637.
[14] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo III (“O Bem e o Mal”), item 3.
[15] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Questão 639.
[16] Ibidem, Questões 640 e 641.
[17] Ibidem, Questão 642.
[18] Ibidem, Questão 657.
[19] PASTORINO, Carlos Torres. “Sabedoria do Evangelho”. Rio de Janeiro, RJ: Sabedoria, 1964. Volume 2, capítulo “Amor ao Próximo”.
[20] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo III (“O Bem e o Mal”), item 7.
[21] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Questão 646.
[22] KARDEC, Allan. “Revista Espírita de janeiro de 1864”. São Paulo, SP: IDE, 1993. Questões e Problemas – Progresso nas Primeiras Encarnações.
[23] XAVIER, Francisco Cândido. “Vinha de Luz”. Pelo Espírito Emmanuel. 14ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 168.
[24] XAVIER, Francisco Cândido. “Evolução em Dois Mundos”. Pelo Espírito André Luiz. 14ª ed. Rio de Janeiro, RJ: 1995. Capítulo XX, “Invasão microbiana”.
[25] KARDEC, Allan. “O Que É o Espiritismo”. 53ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2005. Capítulo II (“Noções elementares de Espiritismo”), item 100 (“Consequências do Espiritismo”).

domingo, 14 de março de 2010

Evangelho no Lar e no Coração

Considerando o poder vibratório e de transformação interior que a prece elevada proporciona (vide as postagens “A Prece” e “A Prece (2)”, neste blog), recomenda-se a prática do Evangelho no Lar. Basicamente, o Evangelho no Lar é uma reunião semanal, com dia e hora pré-estabelecidos, para leitura e breve comentário de passagens do Evangelho. Quando mantemos a regularidade numa reunião com propósitos nobres, oportunizamos, a nós mesmos, o hábito de vibrar em uma frequência mais elevada.


Transcrevemos, a seguir, orientações da Federação Espírita Brasileira (FEB) para a realização do Evangelho no Lar, a partir de material de sua campanha “Evangelho no Lar e no Coração” (http://www.febnet.org.br/ba/file/Campanhas%20CFN/Evangelho.pdf).

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Como fazer?

Escolha, na semana, um dia e horário em que a família possa se reunir durante mais ou menos trinta minutos. Crianças também podem fazer parte da reunião. Pode ocorrer a presença de visitantes ocasionais e, neste caso, podem ser convidados a participar; caso não sejam espíritas, devem ser esclarecidos sobre a finalidade da reunião. Há inclusive a possibilidade da reunião ser realizada por uma só pessoa – o roteiro a ser seguido é o mesmo.


Roteiro para a reunião

1. Início da reunião – prece simples e espontânea.
2. Leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo – começar desde o prefácio, lendo um item ou dois sempre em seqüência.
3. Comentários sobre o texto lido – devem ser breves e contando com a participação dos presentes, evidenciando o ensino moral aplicado às situações do dia-a-dia.
4. Vibrações – Pela fraternidade, paz e equilíbrio de toda a Humanidade, por todos os governantes e por aqueles que têm sob a sua responsabilidade crianças, jovens, adultos e idosos; pela implantação e vivência do Evangelho em todos os lares; pelo próprio lar dos participantes, mentalizando paz, harmonia e saúde para o corpo e para o espírito.
5. Pedidos – Pode-se pedir pelos parentes, amigos, por pessoas que não participem do círculo de amizades e por toda Humanidade.
6. Prece de encerramento – Simples, sincera e espontânea, agradecendo a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos.

Obs.: A prática do Evangelho no Lar não deve ser transformada em reunião mediúnica. Toda intuição e inspiração, que possam ocorrer, devem ficar no campo dos comentários gerais, no momento oportuno.


Livros indicados:
  • O livro básico e indicado é O Evangelho Segundo o Espiritismo (Allan Kardec).

Livros recomendados:
  • “Caminho, Verdade e Vida”; “Pão Nosso”; “Fonte Viva”; “Vinha de Luz” (Emmanuel)
  • “Agenda Cristã” (André Luiz)
  • “Jesus no Lar”; “Alvorada Cristã” (Neio Lúcio)
  • “Luz no Lar” (Autores diversos)
  • “Deus aguarda”; “Evangelho em Casa” (Meimei)
  • “Messe de Amor” (Joanna de Ângelis) e outros de conteúdos semelhantes.

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Leia também, neste blog, a postagem “Família Espiritual”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


sexta-feira, 12 de março de 2010

A Prece (2)

Conforme orientado pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec [1], a prece é uma elevação do pensamento a Deus, na qual podemos louvar, agradecer e pedir. Lembremos, portanto, de não apenas fazermos pedidos em nossas preces. O dom da Vida e a oportunidade de uma nova existência corpórea, na qual podemos nos melhorar e reparar erros (“O Livro dos Espíritos”, questão 167), já são dádivas pelas quais devemos sempre ser gratos a Deus.

A prece, sendo um encontro nosso com a Espiritualidade Superior, deve visar a nos modificar, e não necessariamente modificar as provas pelas quais estejamos passando. Nossa sintonia elevada modifica, antes de tudo, o modo como vemos os problemas que devemos resolver. Assim, problemas passam a ser encarados como lições, e nunca castigos, ideia incompatível com Deus infinitamente justo e bom. A este respeito, Kardec orienta [2]: “O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação.”

Dividindo os males da vida entre os que o homem não pode evitar e os causados por seus excessos ou negligência, temos [3]:
  • Acerca dos problemas evitáveis: a prece tem ação preventiva, trazendo inspiração elevada para não cedermos a tentações que atrasem nossa marcha evolutiva. Nas palavras de Kardec [4], “Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em conseqüência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.”;
  • Sobre os problemas que o homem, mesmo com toda prece com fé, não puder evitar: as rogativas elevadas visam a trazer boa inspiração para resistirmos a pensamentos de revolta, os quais baixariam nossa vibração e nos permitiriam aceder a inspirações que nos atrasem a evolução moral. O que os Bons Espíritos, neste caso, fazem, “não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano (...)”. Ou seja, se não se modifica a prova, dá-se condição de modificar a pessoa.

Kardec aponta haver opositores à prática da oração, alegando que tudo no Universo está sob a regência de uma sequência inalterável de eventos, tornando inútil a prece [5]. Este argumento é analisado da seguinte forma:
  • A mecânica quântica indica que os sistemas físicos não são estáticos, mas evoluem, de modo que o mesmo sistema, preparado da mesma forma, pode dar origem a resultados experimentais diferentes dependendo do momento em que se realiza a medida [6];
  • Experimentos cientificamente controlados [7] demonstraram a modificação, através da intenção em estado meditativo, de grandezas físicas como pH (acidez ou alcalinidade) de água. O pesquisador japonês Masaru Emoto [8] identificou mudanças em cristais de água a partir da energia de frases ou músicas às quais esta se submetia — e 70% de nosso corpo físico é composto de água;
  • O Codificador aponta [5], de forma coerente com os preceitos científicos acima abordados: “Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, consequências subordinadas ao que ele faz ou não. (...) Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.”
Aduzimos o fato de a Teoria das Cordas [9] indicar que a matéria, na realidade, é formada por energia que, vibrando em diferentes tons, gera diferentes partículas. Se toda matéria, seja a matéria bruta (que forma corpos estudados pela ciência; vide comentários à questão 617 de “O Livro dos Espíritos”), seja a sutil (que forma o perispírito e a matéria de mundos mais adiantados; vide questões 181, 186 e 187 de “O Livro dos Espíritos), é vibração, como o é a prece, é viável a atuação da última sobre a primeira.

Comparemos a capacidade de recepção de vibrações de nossa mente à sintonia de um receptor de rádio FM. Sabemos que, para ouvir a programação de uma emissora específica, devemos sintonizar o receptor na sua frequência de portadora, em torno da qual as antenas da emissora concentram sua potência. Sintonizando em uma emissora, não ouvimos a programação de outras, mesmo com seu sinal chegando ao receptor de rádio. Vimos, à primeira figura da postagem “A lembrança dos sonhos”, neste blog, que emoções alegres e nobres têm frequência mais elevada do que vibrações como medo, tristeza ou raiva.

Fenômeno similar ocorre em nossas mentes, com a diferença que, ao contrário do rádio FM, o qual apenas recebe sinal, nós também o emitimos e o lançamos no Universo, através do Fluido Universal [10]. Ademais, há sempre, vindo de Mais Alto, boas inspirações e energias superiores, por graça de Deus e pela atuação de Bons Espíritos que velam por nós e pela Terra. Porém, sem sintonizarmos com essa vibração superior, nos fazemos surdos a seus bons conselhos.

Conforme abordamos na postagem “A Prece”, o autor Martins Peralva, na obra “Estudando a Mediunidade [11], classifica a prece em Vertical, Horizontal e Descendente. Apresentando, nas figuras a seguir, um exercício didático, representando a “antena” de nossa mente direcionada para expressões elevadas, terra-a-terra ou voltadas ao mal, temos:

  • Prece Vertical: elevação de sintonia de emissão e recepção.

  • Prece Horizontal: vibrações terra-a-terra, sem elevação.

  • Rogativa Descendente: baixo teor vibratório e sintonia com Inteligências afins.


Importante notar que, estando com o “rádio mental” sintonizado em baixas frequências, não temos como esperar “ouvir” e reter inspirações do Alto. E essa escolha de onde sintonizar é tão somente nossa.

Decorre, daí, a importância do estudo do Evangelho no Lar, onde agendamos uma reunião semanal com dia e hora fixos para exercitarmos, pelo estudo e prece, nossa vibração com esferas superiores – a Espiritualidade Superior também destinará um colaborador para lá estar, em nossa residência, à hora e dia agendados, para bem nos inspirar.

Aduzimos que não é somente pela prece que nos comunicamos com Deus. Nossos atos falam por si. Devemos colocar em prática o que apregoamos, pela caridade, que é o amor em ação, em todas as suas formas (caridade material; educação no trato com todos; tolerância à divergência etc.). Toda ocupação útil é trabalho (“O Livro dos Espíritos”, questão 675), e toda ação executada com caridade também é uma prece. Emmanuel [12], a esse respeito, elucida: “(...) em todos os climas da Humanidade, se a palavra esclarece, o exemplo arrasta sempre.”.


Leia também, neste blog, as postagens “A Prece”, “Vigiai e Orai”, “Deus ajuda...”, “Fluido Universal”, “Maus Pensamentos”, “A lembrança dos sonhos” e “Evangelho no Lar e no Coração”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:
[1] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Questões 649 e 659.
[2] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII, item 07.
[3] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 12.
[4] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 11.
[5] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 06.
[6] Mecânica quântica. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_qu%C3%A2ntica. Acesso em 12/03/2010.
[7] TILLER, William A. “Towards a Quantitative Science and Technology that Includes Human Consciousness”. Disponível em http://www.tillerfoundation.com/papers.php. Acesso em 12/03/2010.
[8] “Masaru Emoto: Messages from Water”. Disponível em http://www.life-enthusiast.com/twilight/research_emoto.htm. Acesso em 12/03/2010.
[9] Teoria das cordas. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_cordas. Acesso em 12/03/2010.
[10] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1991. Capítulo VI item 17 e capítulo XIV, item 2.
[11] PERALVA, Martins. “Estudando a Mediunidade”. 12ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1987. Cap. 33.
[12] XAVIER, F. C. “Religião dos Espíritos”. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1960. Capítulo 68.