segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Caminha Alegremente

"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe e, por ela, muitos se contaminem."
Paulo (Hebreus, 12:15)

Raízes de amargura existirão sempre, nos corações humanos, aqui e ali, como sementes de plantas inúteis ou venenosas estarão no seio de qualquer campo.

Contudo, tanto quanto é preciso expulsar a erva daninha para que haja colheita nobre e farta, é indispensável relegar ao esquecimento os problemas superados e as provações vencidas, para que reminiscências destruidoras não brotem no solo da alma, produzindo os frutos azedos das palavras e das ações infelizes.

Mãos prestimosas arrancarão o escalracho, em torno da lavoura nascente, e atitudes valorosas devem extirpar do espírito as recordações amargas, suscetíveis de perturbar o caminho.

Se alguém te trouxer dano ou se alguém te feriu, pensa nos danos e nas feridas que terás causado a outrem, muitas vezes sem perceber. E tanto quanto estimas ser desculpado, perdoa também, sem quaisquer restrições.

Observa a sabedoria de Deus na esfera da Natureza.

A fonte dissolve os detritos que lhe arrojam.

A luz não faz coleção de sombras.

Caminha alegremente e constrói para o bem, porque só o bem permanecerá.

Seja qual for a dor que hajas sofrido, lembra-te de que tudo amanhã será melhor se não engarrafares fel ou vinagre no coração.

Emmanuel


Leia também, neste blog, as postagens “Reconciliação”, “Amar os inimigos” e “Egos virtuosos e Eus sapientes”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
XAVIER, F. C. "O Espírito da Verdade". Por Diversos Espíritos. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ:FEB, 1982, capítulo 24.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Conscientemente

Integras as novas hostes do Senhor, na qualidade de obreiro da última hora, honrado pela oportunidade de redimir o passado. Nenhuma circunstância casual aparece no teu caminho. Pessoas e acontecimentos foram antecipadamente examinados para que possas seguir com o coração tranqüilo e a mente alçada aos cimos da vida exuberante. Espíritos amigos corporificaram-se em membros ativos da tua família ou chegaram de outros clãs para te oferecerem mãos e serviço na tarefa da reestruturação do bem que te compete desenvolver.

Acidentes que surgem ameaçadores, céus que parecem carregados de tormentas, águas que se tisnam subitamente são concessões-advertência para que nem tudo seja róseo ou enganador e o apelo dos que choram ao rés-do-chão não desapareça perdido no alarido dos que seguem contigo.

Por essa razão, não cultives azedume, seja qual for o motivo que te convoque à amargura.

Se muita coisa te parece injusta e enfloresce a intolerância deste ou daquele teor, recorda que o passado é meirinho pontual a aparecer e reaparecer, chamando a atenção.

Cultiva, assim, o otimismo e a paciência sem cessar.

Aprofunda meditações nos preciosos conceitos da mensagem consoladora de Jesus, seguindo conscientemente.

Quando te falem que este é o momento da Ciência, pensa e vive a idéia da fraternidade com todas as criaturas.

Quando te informem que esta é uma hora própria para a Filosofia, pensa e vive a arte de servir.

Quando te exponham que hoje comporta uma nova Religião, pensa e vive o amor.

Quando te apontem jovens em correria tresloucada ou velhos que tombaram, inermes, nas seduções enganadoras, não reclames nem imponhas normas de conduta; pensa e vive com sobriedade e ética, expondo quando possível as razões da tua conduta inspirada no Modelo Excelente de todos nós.

*

Nem sempre conviverás com os que chegaram para ajudar-te. Alguns seguirão, apressados, mais além.

Emudece o reproche ou a censura. Os espíritos seguem o rumo que melhor os atrai. Possivelmente longe de ti poderão elaborar novas ações, renovar-se, e aprenderão com a vida. Para onde se dirijam, encontrar-se-ão consigo mesmos, preparando-se para a grande experiência do Além-Túmulo...

Usa a feliz ocasião que te surge e refaze as lições.

A carne é veículo transitório e abençoado instrumento para o espírito aprender na Academia terrestre através do processo incessante da evolução.

Invectivando contra o abuso do poder, a rapina social e a degeneração dos costumes, Jesus foi enérgico e veraz, mas não permitiu, uma vez sequer, que as querelas dos obsidiados pelo jugo da posse e iludidos pelo prazer perturbassem a Sua paz e integridade no magistério de vivência com os sofredores do mundo, ensinando-nos, dessa forma, como proceder e avançar na direção de Deus...

Joanna de Ângelis

(FRANCO, D. P. "Lampadário Espírita".Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 10)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Doenças

Qualquer equipamento de uso, sofre os efeitos do tempo, o desgaste dos serviços, os desajustamentos, caminhando para a superação, o abandono...

O que hoje é de relevante importância, amanhã encontra-se ultrapassado, e, assim, sucessivamente.

O corpo humano, da mesma forma, não pode permanecer indene às injunções naturais da sua aplicação e das finalidades a que se destina.

Elaborado pelos atos pretéritos é resistente ou frágil, conforme o material com que foi constituído em razão dos valores pertinentes a cada ser.

Muito justo, portanto, que enferme, se estropie, se desgaste e morra.

Transitório, em razão da própria função, é, todavia, abençoado instrumento do progresso para o Espírito na sua marcha ascensional.


Foto de Vitor Nunes

Chamado à reflexão, por esta ou aquela enfermidade, mantém-te sereno.

Vitimado por uma ou outra mutilação, aprofunda o exame dos teus valores íntimos e busca retirar da experiência as vantagens indispensáveis.

Surpreendido pelos distúrbios da roupagem física ou da tecelagem no sistema eletrônico do psiquismo, tenta controlá-los e, mesmo lutando pela recuperação, mantém-te confiante.



*



Não te deixes sucumbir sob as injunções das doenças.

Através da mente sã reconquistarás o equilíbrio da situação. E se fores atingido na área da razão, desde hoje entrega-te a Deus e confia nEle.

A doença faz parte do processo normal da vida como parcela integrante do fenômeno da saúde.

Joanna de Ângelis

(FRANCO, Divaldo P. "Episódios Diários". Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1986, cap. 21)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Programa Evolutivo

O delinqüente primário, diante das leis humanas, não raro, tem o direito de responder ao processo em clima de liberdade, e, mesmo quando condenado, faz jus a vários recursos que lhe amenizam a pena.
O criminoso renitente, pela circunstância da conduta, encontra-se incurso nas penalidades severas e experimentará o isolamento em educandários de segurança, não fruindo de maior consideração...
Assim também ocorre com o Espírito.
Quando os seus erros e delitos são de pequena monta, reencarna-se sob provações reparadoras, enfrentando as disciplinas que o reeducarão, para depois gozar de paz e liberdade.
Os calcetas e empedernidos, os refratários ao amor e os que se arrojaram aos despenhadeiros do suicídio, do homicídio, recomeçam, na Terra, encarcerados nas expiações lenificadoras...

*

A provação é oportunidade para o Espírito renovar-se.
A expiação constitui-lhe corretivo severo.
Provado, o Espírito se sente estimulado a conquistas novas, enquanto resgata os débitos anteriores.
Expiando, recupera-se e aprende, sem outra alternativa, enjaulado no processo de depuração.
A provação é solicitada.
A expiação é imposta.
Na primeira, há liberdade de ação; na segunda, desaparece a livre opção, ante o impositivo estabelecido.


Foto de Pedro Barrocas

*

Sob prova ou expiação, estás colocado no dispositivo da evolução, de que necessitas, e que é melhor para o teu progresso.
Aplica a razão e o sentimento lúcidos nesse programa evolutivo e ergue-te, da posição em que te encontres, alcançando o triunfo da tua reencarnação.

Joanna de Ângelis


Leia também, neste blog, as postagens “Expiação, Prova e Missão” e “Espíritos missionários”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


(FRANCO, Divaldo P. "Episódios Diários". Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1986, cap. 20)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Guarda-te em Deus

Lembra-te de Deus para que saibas agradecer os talentos da vida.

Se fatigado, pensa nEle, o Eterno Pai que jamais desfalece na Criação.

Se triste, eleva-Lhe os sentimentos, meditando na alegria solar com que toda manhã, Sua Infinita Bondade dissolve as trevas.

Se doente, centraliza-te no perfeito equilíbrio com que a Sua Compaixão reajusta os quadros da Natureza, ainda mesmo quando a tempestade haja destruído todos os recursos que os milênios acumularam.

Se incompreendido, volta-te para Ele, o Eterno Doador de todas as bençãos, quantas vezes escarnecido por nossas próprias fraquezas, sem que se Lhe desanime a Paciência Incomesurável, quanto aos arrastamentos de nossas imperfeições animalizantes.

Se humilhado, entrega-Lhe as dores da sensibilidade ferida ou do brio menosprezado, refletindo no celeste anonimato em que se Lhe esconde a inconcebível grandeza, para que creiamos autores do bem que a Ele pertence, em todas as circunstâncias.

Se sozinho, busca-Lhe a companhia sublime na pessoa daqueles que te seguem na retaguarda, cambaleantes de sofrimento, mais solitários que tu mesmo, na provação e na miséria que lhes vergastam as horas e lhes crucificam as esperanças.

Se aflito, confia-Lhe as ansiedades, compreendendo que nEle, o Imperecível Amor, todas as tormentas se apaziguam.

Seja qual for a dificuldade, recorda o Todo-Misericordioso que não nos esquece.


Foto de Manuela Morgado

E, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade para os teus passos de cada dia, encontrarás na oração a força verdadeira de tua fé, a erguer-te das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz que te aponta as sendas do Céu.

Emmanuel

(XAVIER, F. C. "O Espírito da Verdade". Por Diversos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1982, cap. 19)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Preocupações

Não se aflija por antecipação, porquanto é possível que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte.

Não é a preocupação que aniquila a pessoa e sim a preocupação em virtude da preocupação.

Antes das suas dificuldades de agora, você já faceou inúmeras outras e já se livrou de todas elas, com o auxílio invisível de Deus.


Foto de Henrique de Jesus

Uma pessoa ocupada em servir nunca dispõe de tempo para lembrar injúria ou ingratidão.

Disse um notável filósofo: "uma criatura irritada está sempre cheia de veneno", e podemos acrescentar: "e de enfermidade também".

Trabalhe antes, durante e depois de qualquer crise e o trabalho garantirá sua paz.

Conte as bênçãos que lhe enriquecem a vida, em anotando os males que porventura lhe visitem o coração, para reconhecer o saldo imenso de vantagens a seu favor.

Geralmente, o mal é o bem mal-interpretado.

Em qualquer fracasso, compreenda que se você pode trabalhar, pode igualmente servir, e quem pode servir carrega consigo um tesouro nas mãos.

Por maior lhe seja o fardo do sofrimento, lembre-se de que Deus, que agüentou você ontem, agüentará também hoje.

André Luiz

XAVIER, F. C. "Sinal Verde". Pelo Espírito André Luiz. CEC, cap. 25)

domingo, 23 de setembro de 2007

Dividir com Amor

A miséria sócio-econômica, que entulha as avenidas do mundo, mistura-se à de natureza moral, que atulha os edifícios e residências de luxo como os guetos da promiscuidade libertina.

O que podes fazer, parece-te sem sentido ou significação, tão grande e volumoso é o problema.

Apesar disso, não te escuses de auxiliar.

Se não consegues ir à causa do problema, minimiza-lhe os efeitos.

Desde que não podes erradicar, de um golpe, a fome, a enfermidade, a ignorância, contribui com a tua quota de amor, por mínima que seja.

Sempre podes dividir do que possuis, com aquele que nada tem.

Quando repartes com amor, multiplicas a esperança, favorecendo a alegria.

Menos tem, aquele que se nega a doar algo.

Afirma-se que esse gesto de amor gera o paternalismo, promove o vício...

Não têm razão, os que assim informam.

Muitos males, e alguns crimes, são abortados quando uma atitude de amor interrompe o passo do infeliz que padece fome, desespero e dor...

Somente quem aprende a abrir a mão, descerra o bolso, terminando por oferecer o coração.

Faze o que te esteja ao alcance, e a vida fará o resto.

Joanna de Ângelis

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
FRANCO, Divaldo Pereira. "Episódios Diários". Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1986, cap. 14.

domingo, 17 de junho de 2007

Olhai

"E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia."
Jesus (Lucas, 21:34)

O homem que se renova em Jesus, convertendo-se às luzes da Boa Nova, traça para si mesmo um roteiro de trabalho e de iluminação íntima, de perseverança no Bem e de aperfeiçoamento espiritual, buscando, em tudo e por tudo, atender as recomendações do Divino Amigo.

Distanciado do imediatismo da existência temporal, volta-se, por inteiro, para as necessidades do espírito, sem inquietação nem turbulência.

Esquivando-se às incursões nos planos sombrios dos interesses menos dignos, mostra-se honesto ante a própria consciência que lhe determina construir e avançar.

Procura examinar-se e autodisciplinar-se, forjando o clima pessoal de prece e de meditação, tão necessário à sua saúde integral.

Evita o cipoal das viciações nefastas, fugindo à trama de intrigas e ódios, afastando as sombras destruidoras da inimizade e da perturbação, sempre atento às orientações do Excelso Rabi que lhe oferece um roteiro de equilíbrio, ponderação e paz.

Resguardando-se aos excessos do estômago, equilibra a vontade, debilitando as zonas de influências obsessivas.

Não se perde nos vícios que lhe deslustram o caráter e não se entretece com a preguiça que lhe arrefece o ânimo.

Jamais se escraviza às posses efêmeras, guardando o coração bem longe dos tentáculos da fortuna que, mesmo em suas mãos, será conduzida como um bem transitório e transferível.

Não se envaidece com posições sociais nem se jactancia com os valores ilusórios do poder.

Confiante em Deus, suporta as tribulações terrenas na expectativa de triunfar no Bem.

Busca o dever como norma de vida e sublima a própria vontade na aspiração dos bens espirituais.

Distancia-se da embriaguez dos sentidos, entendo que o mal se utiliza de recursos, os mais variados, para trazer perturbação e sombra, angústia e fel.

"Olhai por vós..." - sentencia Jesus, no afã de que cada criatura no mundo possa estar atenta àquela outra advertência não menos oportuna: "Orai e vigiai".

Naturalmente o cristão sincero há de estar vigilante e otimista, esperançoso e pacificado em todas as suas realizações, sem se importar com as invectivas da crítica mordaz ou dos encômios sorrateiros.

Age por si e para si, reconhecendo-se único agente do próprio aperfeiçoamento.

Fiel ao Bem, nele persevera com denodo e convicção.

Assim, o homem renovado em Jesus, jamais se mostra distraído em caminho, colocando-se a postos na fé, a fim de que as tribulações do carreiro físico não o alcancem de improviso.

Estêvão

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
RIBEIRO, Júlio Cezar Grandi. "Isto vos mando...". Pelo Espírito Estêvão. 2ª ed. Vila Velha, ES: Casa Espírita Cristã. 1985, capítulo 11.

domingo, 3 de junho de 2007

Mediunidade

CONCEITO – Faculdade orgânica, a mediunidade se encontra, em quase todos os indivíduos, não constituindo patrimônio especial de grupos nem privilégio de castas; é inerente ao espírito que dela se utiliza, encarnado ou desencarnado, para ministério do intercâmbio entre diferentes esferas de evolução. A mediunidade tem características próprias por meio das quais, quando acentuadas, facultam vigoroso comércio entre homens e Espíritos, entre as criaturas reciprocamente, bem como entre os próprios Espíritos.
O médium (do latim medium) é aquele que serve de instrumento entre os dois pólos da vida: física e espiritual.
“Médium é o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: Espíritos encarnados”, conforme acentuou o Espírito Erasto, em memorável comunicação sobre a mediunidade dos animais, e inserta em “O Livro dos Médiuns”, capítulo XXII, item 236.
Todavia, entre os Espíritos já desencarnados médiuns também os há, que exercem o labor, facultando que Entidades de mais elevadas Esferas possam comunicar-se com aqueles que se encontram na retaguarda da evolução, e recebam nesses encontros o auxílio, o impulso estimulador para, a seu turno, ascenderem.
Mais difundido o exercício da mediunidade através das comunicações dos desencarnados com os encarnados, tal faculdade se faz a porta por meio da qual se abrem os horizontes da imortalidade, propiciando amplas possibilidades para positivar a indestrutibilidade da vida, não obstante o desgaste da transitória indumentária fisiológica.
Natural, aparece espontaneamente, mediante constrição segura, na qual os desencarnados de tal ou qual estágio evolutivo convocam à necessária observância de suas leis, conduzindo o instrumento mediúnico a precioso labor por cujos serviços adquire vasto patrimônio de equilíbrio e iluminação, resgatando, simultaneamente, os compromissos negativos a que se encontra enleado desde vidas anteriores.
Outras vezes surge como impositivo provacional mediante o qual é possível mais ampla libertação do próprio médium, que, em dilatando o exercício da nobilitação a que se dedica, granjeia consideração e títulos de benemerência que lhe conferem paz.
Sem dúvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentável fator de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se encontra investido de tal recurso.
Não é uma faculdade portadora de requisitos morais. A moralização do médium libera-o da influência dos Espíritos inferiores e perversos, que se sentem, então, impossibilitados de maior predomínio por faltarem os vínculos para a necessária sintonia. Por isso, sendo um inato recurso do espírito, reponta em qualquer meio e em todo indivíduo, aprimorando-se ou se convertendo em motivo de perturbação ou enfermidade, de acordo com a direção que se lhe dê.

DESENVOLVIMENTO – Em todos os tempos a mediunidade revelou ao homem a existência do Mundo Espiritual, donde todos procedemos e para onde, após o fenômeno morte, todos retornaremos.
Nos períodos mais primitivos da cultura ética da Humanidade, a mediunidade exerceu preponderante influência, porquanto, através dos sensitivos, nominados como feiticeiros, magos, adivinhos e mais tarde oráculos, pítons, taumaturgos, todos médiuns, contribuindo decisivamente na formação do clã, da tribo ou da comunidade em desenvolvimento, revelando preciosas lições que fomentavam o crescimento do grupo social, impulsionando-o na direção do progresso.
Nem sempre, porém, eram bons os Espíritos que produziam os fenômenos, o que redundava, por sua vez, demorados estágios na barbárie, no primitivismo dos que lhes prestavam culto...
À medida que os conceitos culturais e éticos evoluíram, a mediunidade experimentou diferente compreensão.
Nos círculos mais adiantados das civilizações orientais e logo depois greco-romana, a faculdade mediúnica lobrigou relevante projeção, merecendo considerável destaque nas diversas comunidades sociais do passado.
No entanto, com Jesus, o Excelso Médium de Deus, que favoreceu largamente o intercâmbio entre os dois mundos em litígio: o espiritual e o material, foi que a mediunidade recebeu o selo da mansidão e a diretriz do amor, a fim de se transformar em luminosa ponte, através da qual passaram a transitar os viandantes do corpo na direção da Vida abundante e os Imortais retornando à Terra, em incessante permuta de informações preciosas e inspiração sublime.
O Cristianismo, nos seus primeiros séculos, desde a Ressurreição até o Concílio de Nicéia (1) se fez um hino de respeito e exaltação à Imortalidade.
Depois, enflorescendo incontáveis apóstolos, encarregados de reacenderem as claridades da fé, a mediunidade foi a fonte inexaurível que atendia a sede tormentosa dos séculos, trazendo a “água viva” da Espiritualidade enquanto ardiam as chamas da inquietação e do despotismo, destruindo esperanças, anatematizando, pervertendo ideais...
Os médiuns experimentaram duro cativeiro, demorada perseguição, e a mediunidade foi considerada maldição, exceção feita apenas a uns poucos dotados que receberam ainda em vida física compreensão e respeito de alguns raros espíritos lúcidos do seu tempo.
Desde que os intimoratos expoentes da Vida jamais recearam nortear o homem, utilizaram-se da mediunidade, às vezes, com o vigor da verdade exprobando os erros e os crimes onde quer que se encontrassem. Todos aqueles, porém, que se encontravam equivocados em relação ao bem e à justiça, por ignorância ou propositadamente, ante a impossibilidade de silenciar o brado que lhes chegava do além-túmulo, providenciavam destruir os veículos, em inútil esforço de conseguirem apoio às irregularidades e intrujices de que se faziam servos submissos.
Hoje, porém, após a documentação kardequiana, inserta na Codificação, a mediunidade abandonou as lendas e ficções, os florilégios do sobrenatural e do miraculoso, superando as difamações de que foi vítima, para ocupar o seu legítimo lugar, recebendo das modernas ciências psíquicas, psicológicas e parapsicológicas o respeito e o estudo que lhe desdobram os meios, contribuindo com abençoados recursos de que a Psiquiatria se pode utilizar, como outros ramos das Ciências, para solucionar um sem-número de problemas físicos, emocionais, psíquicos, sociais que afligem a moderna e atormentada sociedade.

CONCLUSÃO – Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura, em nome da Caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador de saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana, na Terra.
Mediumato – eis o ápice do correto exercício da faculdade mediúnica em cuja ação o médium já não vive, antes nele vive o Cristo insculpindo-lhe a felicidade sem jaça de que se adorna, em prol do Mundo Melhor porque todos laboramos.

ESTUDO E MEDITAÇÃO:

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos.”

(O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 159)

*
“A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente.”

(O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo XXVI, item 10)

(1) Concílio de Nicéia – Primeiro Concílio ecumênico, realizado no ano 325, na cidade de Constantinopla, que condenou a doutrina arianista, o livre exercício da mediunidade e outros pontos mantidos pelos cristãos primitivos, do que redundou constituir-se marco inicial da desagregação e decomposição do Cristianismo nas suas legítimas bases de que se fizeram paradigmas Jesus, seus discípulos e os seus sucessores – Nota da Autora espiritual.

Joanna de Ângelis

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
FRANCO, Divaldo P. “Estudos Espíritas”. Pelo Espírito Joanna de Angelis. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1987, capítulo 18 – Mediunidade.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Diretrizes de Segurança - Pergunta 14

O que determinará a qualidade dos Espíritos que, pela lei das afinidades, serão impelidos a se afinarem conosco nas práticas mediúnicas?

Raul - Compreendemos que todos nós renascemos com determinadas tarefas a realizar, e para esse entendimento, há aqueles que renascem com a tarefa da mediunidade. O chamamento da mediunidade, na hora correta, mostra aquele que porta o compromisso ajustado. Normalmente, as Entidades que deverão trabalhar, que deverão atuar no campo mediúnico, dirigindo as lides entre os companheiros da Terra, já vêm ajustadas desde os seus contatos no mundo espiritual. Elas se colocam na postura de verdadeiros guardiães para que, em momento oportuno, o indivíduo se apresente diante do chamado.

Há outros Espíritos que estão associados a essa programática reencarnatória e que se afinam com o encarnado fora do labor da mediunidade; e, à semelhança de alguém que se transfira de uma casa para outra, de um bairro para outro, vai surgindo a vizinhança nova e vão mostrando os Espíritos que se unem por afinidades, por sintonia de gosto com aqueles que são os médiuns.

O médium, desejoso que a sua vizinhança espiritual seja do melhor naipe, deverá preparar-se para ser também de bom teor a sua vida.

Como nos ensina Emmanuel, deverá ligar-se aos que estão na faixa do Cristo(*). E, mesmo quando venham entidades enfermas, o médium estará servindo à enfermagem espiritual, da mesma forma que um enfermeiro num hospital de nossa comunidade, embora atenda a diversos doentes, a vários pacientes, de múltiplas características, nem por isso assimilará as mazelas do doente. Um médico que trabalhe com diversas doenças contagiosas, nem por isso contrairá as moléstias de que trata. Então, esses médiuns que estão laborando com os diversificados tipos espirituais procurarão ajustar-se aos Espíritos Benfeitores, unir-se pela vivência, pela prática do amor e da caridade, em suas várias dimensões.

Entendemos, com a Doutrina Espírita, que para nos ajustarmos aos Espíritos Nobres será necessário enquadrar nossa romagem, pensamentos e hábitos ao bem e ao trabalho da caridade.

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referências:
(*) XAVIER, F.C. "Seara dos médiuns". Pelo Espírito Emmanuel.2ª edição, Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1973. Capítulo 38.

FRANCO, D. P. e TEIXEIRA, J. R. "Diretrizes de Segurança" 3ª ed. Niterói, RJ: Fráter, 1991. Pergunta 14.

Problemas Mentais

Iniciaremos o presente capítulo, recordando a assertiva do instrutor Albério de que «a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos».

Assim sendo, evidencia-se e se avulta, sobremodo, a responsabilidade de todos nós, especialmente dos médiuns, nos labores evolutivos de cada dia.

Estudemos, com simplicidade e clareza, o problema mental.

Assim como a ingestão de certos alimentos ou de bebidas alcoólicas ocasiona, fatalmente, a modificação do nosso hálito, alcançando o olfato das pessoas que próximas estiverem, do mesmo modo os nossos pensamentos criam o fenômeno psíquico do «hálito mental», equivalente à natureza das forças que emitimos ou assimilamos. Teremos, então, um «hálito mental» desagradável e nocivo ou agradável e benéfico.

O hálito bucal será determinado pelo tipo de alimentação ou de bebida que ingerirmos.

O «hálito mental» será, a seu turno, determinado pelo tipo dos nossos pensamentos.

O nosso ambiente psíquico será, assim, inexoravelmente determinado pelas forças mentais que projetamos através do pensamento, da palavra, da atitude, do ideal que esposamos.

O ambiente psíquico de uma pessoa, de maus hábitos ou de hábitos salutares, será notado, sentido pelos Espíritos e pelos encarnados, quando dotados de vidência ou forem sensitivos.

Ao nos aproximarmos de pessoa encolerizada, ou que conduza no coração, mesmo em silêncio, aflitivas preocupações, notaremos o seu «hálito mental», do mesmo modo que notaremos o «hálito bucal» de quem tomou um copo de vinho ou mastigou uma cebola.

*

As idéias são criações do nosso Espírito.

Criações incessantes, ininterruptas, que se projetam no Espaço e no Tempo, adquirindo forma, movimento, direção e tonalidades equivalentes à natureza, superior ou inferior, das idéias criadas.

Um pensamento, que expresse desejos ou objetivos, veiculado poderosamente por nosso Espírito, poderá até ser fotografado.

Poderá, inclusive, ser visto pelos médiuns videntes ou percebido pelos médiuns sensitivos.

O nosso campo mental é, pois, inteiramente devassável pelos Espíritos e até pelos encarnados.

Considerando, por oportuna, a observação de Paulo de Tarso de que «estamos cercados por uma nuvem de testemunhas», somos compelidos a medir e pensar, na balança consciencial, as sérias responsabilidades que decorrem do conhecimento que já temos de tais verdades. Isso porque tais criações determinarão, inevitavelmente, o tipo e o caráter de nossas companhias espirituais, em virtude das vibrações compensadas.

Uma mente invigilante atrairá entidades infelizes, vampirizadoras, porque certos Espíritos profundamente materializados, arraigados, ainda, às paixões inferiores, nutrem-se, alimentam-se dessas substâncias produzidas pela mente irresponsável ou deseducada.

Ser médium é algo de sublime, determinando tacitamente o imperativo da realização interior, a necessidade de o indivíduo conquistar a si mesmo pela superação das qualidades negativas.

Ser médium é investir-se a criatura de sagrada responsabilidade perante Deus e a própria consciência, uma vez que é ser intérprete do pensamento das esferas espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra.

Convenhamos que será muito difícil aos Mensageiros Celestes utilizarem-se, de modo permanente, de companheiros encarnados sem a mais leve noção de responsabilidade, negligentes no cumprimento dos deveres morais, impontuais, inteiramente alheios ao imperativo da própria renovação para o Bem, ou, ainda, inclinados à exploração inferior.

A este respeito, ouçamos a palavra de Emmanuel:

"O perfume conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, quando transportado num vaso guarnecido de lodo."

Poderão os Bons Espíritos, reconheçamos, comunicar-se algumas vezes.

Poderão transpor barreiras vibratórias e superar obstáculos da mente irresponsável, para estender benefícios aos estropiados do caminho.

Poderão, ainda, extrair notas harmoniosas de mal cuidado instrumento, exaltando, assim, o Poder e a Glória, o Amor e a Sabedoria do Senhor da Vida.

Todavia, cumpre-nos admitir, dificilmente tornarão eles, os Grandes Instrutores, por medianeiro definitivo para as grandes realizações do Cristo o médium que vê, apenas, na sua faculdade, espetaculoso meio de produzir fenômenos, sem finalidade educativa para si e para os outros.

A discriminação e importância do problema mental poderão, talvez, ser melhor entendidas mediante o gráfico organizado para o estudo e análise do tema "criações mentais":




Segundo depreendemos do diagrama acima, adaptado de acordo com os conceitos e esclarecimentos do instrutor Albério, o nosso Espírito tem a propriedade de criar formas, situações, coisas e paisagens, sendo-nos facultado, portanto, influenciar, benéfica ou maleficamente, a nós e aos outros.

Tem o nosso Espírito não apenas a faculdade de realizar tais criações.

Tem-na também para dar-lhes vida ou destruí-las.

Os chamados "clichês astrais", referidos pelos estudiosos da Ciência Espírita, abonam esta informação.

Cenas violentas, tais como assassínios etc., poderão permanecer durante longos anos no cenário da luta, até enquanto as suas personagens lhes derem vida, pela projeção mental.

O ruído dessas lutas pode ser ouvido pelos médiuns audientes.

Quando a luz do esclarecimento felicitar o coração dos protagonistas, os tais "clichês astrais" desaparecerão. Deixarão de existir, serão destruídos, porque cessaram as energias que lhes davam vida.

O médium não-evangelizado, irresponsável, será, via de regra, um permanente criador de imagens deprimentes, a constituírem verdadeira "ponte magnética", pela qual terão acesso as entidades perturbadoras.

A prática do Evangelho e o conhecimento da Doutrina Espírita, pura e simples, sem qualquer formalidade, sem exorcismos ou aparatos, sem coadjuvantes físicos de qualquer espécie, serão recursos salutares que, instruindo o médium e estendendo-lhe ao coração as noções de fraternidade, transformar-lhe-ão o ambiente psíquico, assegurando-lhe, em caráter definitivo, uma série de vantagens, tais como:

a) — Paz interior.
b) — Valiosas amizades espirituais.
c) — Defesa contra a incursão de entidades da sombra.
d) — Crédito de confiança dos Espíritos Superiores.
e) — Iluminação própria.
f) — Outorga de tarefas de maior valia no serviço do Senhor.

Sim, outorga de novos encargos no campo do mediunismo edificante.

Ouçamos, mais uma vez, o pensamento de Emmanuel:

"O sábio não poderá tomar uma criança para confidente, embora a criança, invariavelmente, detenha consigo tesouros de pureza e simplicidade que o sábio desconhece."

Referindo-se, ainda, à necessidade de o médium estudar e devotar-se ao bem, assegura também o respeitável Espírito:

"A ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a noção de responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade e o conhecimento conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da felicidade humana."

Quando o médium se despoja de tudo quanto representa irresponsabilidade, o seu ambiente psíquico se consolida.

O seu «hálito mental» se exterioriza mediante expressões edificantes e com tonalidades maravilhosas.

E, como, segundo a afirmativa do Divino Amigo, "àquele que mais tem, mais lhe será dado", o médium sincero e de boa vontade, mesmo que tenha pouca instrução, conseguirá, sem dúvida, iluminado pela fé e pelo amor, sublimar os pensamentos, enriquecendo a mente de tesouros morais e culturais, convertendo-se, por fim, num medianeiro cristão para o serviço de intercâmbio com o Plano Superior.

*

Um Espírito inclinado à perversidade ou à turbulência, incorporando-se num médium espiritualizado, não resistirá ao suave, amoroso e fraterno envolvimento fluídico resultante do próprio estado psíquico do medianeiro, circunstância que, aliada à colaboração amiga do dirigente dos trabalhos e ao socorro dos protetores, facilitará a execução das reais finalidades do serviço mediúnico: levar, ao coração endurecido ou sofredor, o orvalho da bondade e da compreensão.

Quem ama, irradia forças benéficas e irresistíveis, em torno de si, envolvendo, salutarmente, os que dele se acham próximos.

O episódio do lobo de Gúbio, com Francisco de Assis, é expressivo.

Demonstra como a violência e a agressividade se estiolam, inermes, diante do incoercível e ilimitado poder do Amor.

A faculdade de, pelo pensamento, criarmos idéias e de, pela vontade, imprimirmos movimento e direção a tais idéias, abre prodigioso campo de fraternas realizações para a alma humana, encarnada ou desencarnada.

Com o Evangelho no coração e a Doutrina Espírita no entendimento poderemos, sem dúvida, promover o bem-estar, físico e psíquico, de quantos, realmente interessados na própria renovação, se tornarem objeto das nossas criações mentais.

E o que será não menos importante e fundamental: consolidaremos o próprio equilíbrio interior, correspondendo, assim, à confiança daqueles que, na Espiritualidade Mais Alta, aguardam a migalha da nossa boa vontade.

Martins Peralva


A respeito do tema, leia também, neste blog, as postagens “Penetração do pensamento pelos Espíritos”, “Faixas” e “Intuição”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
PERALVA, M ."Estudando a Mediunidade". 12ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987, capítulo III.

Intuição

Reunião pública de 28-10-60
Questão nº 180 de O Livro dos Médiuns

Sempre que te disponhas à tarefa de servir, na mediunidade, és alguém interpretando alguém, junto de alguém.

Vaso em que se transporte a mensagem do Amor Infinito para os caminhantes da Terra, deixa que a compaixão seja em tua alma o fixador do divino auxílio.

*

Contempla os sofredores que te procuram, por mais desarvorados, na categoria de irmãos que trazem na própria dor o sinal da altura a que não puderam chegar.

Diante de todos aqueles que o mundo reprova, pensa no supremo esforço que fizeram para serem bons, sem que pudessem atingir o ideal a que se propunham.

À frente dos companheiros incursos em faltas graves, medita na extrema luta que sustentaram consigo mesmos, antes de se arrojarem à delinqüência, e, perante os que se mergulham na corrente do vício, imagina-te à beira das armadilhas em que caíram sem perceber.

Encontrando a mulher que te parece desprezível, reflete nas longas noites de aflição que atravessou, padecendo na resistência moral para não cair no infortúnio, e, surpreendendo o celerado que se te afigura cruel, mentaliza o seio maternal que o acalentou, entre preces e lágrimas, supondo amamentar a boca de um anjo.

Se os problemas do próximo surgem obscuros e inconfessáveis, pede à simpatia te ajude a resolvê-los, porque, em verdade, não lhes conheces o início e nem sabes que forças da sombra se ocultam por trás dos que tombam, chagados de sofrimento.

*

Seja qual for o necessitado, compadece-te; e, se esse mesmo necessitado te fere e injuria, compadece-te ainda mais.

Não julgues ninguém tão excessivamente culpado que não careça de apoio e de entendimento, recordando que a Bondade de Deus, cada manhã, retira a alvorada vitoriosa das trevas da meia-noite.

Intuição é pensamento a pensamento.

E só o pensamento da compaixão é capaz de traduzir, com fidelidade, o pensamento da Luz.

Emmanuel

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
XAVIER, F. C. "Seara dos Médiuns". Pelo Espírito Emmanuel. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Página 211-2.

Inspiração

Reunião pública de 26-9-60
Questão n° 218 de O Livro dos Médiuns

Em qualquer consideração sobre a mediunidade, não te esquives à inspiração, campo aberto a todos nós e no qual todos podemos construir para o bem, assimilando o pensamento da Esfera Superior.

Não vale fenômeno sem proveito.

*

Um homem que enxergasse, num vale de cegos, sem diligenciar qualquer auxílio aos irmãos privados da luz, não passaria de uma lente importante, entregue a si mesma.

Aquele que conversasse numa província de mudos, fugindo de prestar-lhes concurso na reconquista da fala, assemelhar-se-ia tão-somente a uma discoteca ambulante.

Quem se locomovesse à vontade, numa terra de paralíticos, negando-lhes apoio para que readquirissem a herança do movimento, seria para eles uma ave rara e anormal, agindo em forma humana.

A pessoa que ouvisse, numa ilha de surdos, desertando da cooperação fraterna para que reaprendessem a escutar, seria apenas uma registradora de sons.

A criatura que ensinasse lógica e conduta numa colônia de alienados mentais e não procurasse um meio, ainda que simples, de amparar-lhes o retorno à razão, estaria, entre eles, como arquivo de máximas inassimiláveis.

*

Não te asseveres incapaz de servir, porque de falte mais ampla incursão no inabitual.

Recurso psíquico, sem função no bem, é igual à inteligência isolada ou ao dinheiro morto, excelente aglutinantes da vaidade e da sovinice.

De toda ocorrência, observa o préstimo.

E certos de que o pensamento é onda de força viva que nos coloca em sintonia com os múltiplos reinos do Universo, busquemos a inspiração do bem para o trabalho do bem que nos compete, conscientes de que as maravilhas mediúnicas, sem atividade no bem de todos, podem ser admiráveis motivos a preciosas conversações entre os esbanjadores da palavra, mas, no fundo, são sempre o exclusivismo de alguém, sem utilidade para ninguém.

Emmanuel

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
XAVIER, F. C. "Seara dos Médiuns". Pelo Espírito Emmanuel. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Página 193-4.

Faixas

Reunião pública de 27-5-60
Questão n.º 285 de O Livro dos Médiuns

Comunicação espiritual não é privilégio da organização mediúnica.

O pensamento é idioma universal e, compreendendo-se que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção.

Todo Espírito, na condição evolutiva em que nos encontramos, é governado essencialmente por três fatores específicos, ou, mais propriamente, a experiência, o estímulo e a inspiração.

A experiência é o conjunto de nossos próprios pensamentos.

O estímulo é a circunstância que nos impele a pensar.

A inspiração é a equipe dos pensamentos alheios que aceitamos ou procuramos.

*

Tanto quanto te vês compelido, diariamente, a entrar na faixa das necessidades do corpo físico, pensando, por exemplo, na alimentação e na higiene, és convidado incessantemente a entrar na faixa das requisições espirituais que te cercam.

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia, uma distração ou qualquer pequenino acontecimento que te parece sem importância, pode representar silenciosa tomada de ligação para determinado tipo de interesse ou de assunto.

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral a si mesma assemelha-se ao viajante entregue, no mar, ao sabor das ondas.

Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te, através das ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da Humanidade, mas, se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a faixa.

Com a bússola do Evangelho, sabemos perfeitamente onde se localizam o bem e o mal, razão por que, dispondo todos nós do leme da vontade, o problema de sintonia corre por nossa conta.


Emmanuel

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
XAVIER, F. C. "Seara dos Médiuns". Pelo Espírito Emmanuel. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Página 125-6.

Decálogo para Médiuns

(Em referência ao cap. XXVI, item 7, de O Evangelho Segundo o Espiritismo)

1 - Rende culto ao dever.
Não há fé construtiva onde falta o respeito ao cumprimento das próprias obrigações.

2 - Trabalha espontaneamente.
A mediunidade é um arado divino que o óxido da preguiça enferruja e destrói.

3 - Não te creias maior ou menor.
Como as árvores frutíferas, espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a sua utilidade e a sua expressão.

4 - Não esperes recompensas no mundo.
As dádivas do Senhor, como sejam o fulgor das estrelas e a carícia da fonte, o lume da prece e a bênção da coragem, não têm preço na Terra.

5 - Não centralizes a ação.
Todos os companheiros são chamados a cooperar, no conjunto das boas obras, a fim de que se elejam à posição de escolhidos para tarefas mais altas.

6 - Não te encarceres na dúvida.
Todo bem, muito antes de externar-se por intermédio desse ou daquele intérprete da verdade, procede, originariamente, de Deus.

7 - Estude sempre.
A luz do conhecimento armar-te-á o espírito contra a armadilha da ignorância.

8 - Não te irrites.
Cultiva a caridade e a brandura, a compreensão e a tolerância, porque os mensageiros do amor encontram dificuldade enorme para se exprimirem com segurança através de um coração conservado em vinagre.

9 - Desculpa incessantemente.
O ácido da crítica não te piora a realidade, a praga do elogio não te altera o modo justo de ser, e, ainda mesmo que te categorizem à conta de mistificador ou embusteiro, esquece a ofensa com que te espanquem o rosto, e, guardando o tesouro da consciência limpa, segue adiante, na certeza de que cada criatura percebe a vida do ponto de vista em que se coloca.

10 - Não temas perseguidores.
Lembra-te da humildade do Cristo e recorda que, ainda Ele, anjo em forma de homem, estava cercado de adversários gratuitos e de verdugos cruéis, quando escreveu na cruz, com suor e lágrimas, o divino poema da eterna ressurreição.

André Luiz

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. "O Espírito da Verdade". Por Diversos Espíritos. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1982. Capítulo 5.

Enfermidade na Família

Invariavelmente, ninguém há, na experiência terrena, liberado dos problemas da matéria com suas peculiaridades, com seu transformismo, na marcha longa na qual se processa a evolução.

As alterações orgânicas se apresentam ao lado das preocupações que as pessoas mantêm, em nome do impositivo da conservação.

É admissível que, significando padecimento, o homem abomine a dor, renegue o sofrimento e se agaste com as moléstias que, desafiadoras, muitas vezes abrem caminho para o decesso físico.

Não obstante todo o conjunto de tormentas que os padecimentos corporais impõem às criaturas, não podemos esquecer o caráter redentor que orla o desequilíbrio orgânico, quanto o transtorno psíquico.

É assim que, no seio da família espírita e, de resto, na família cristã, a doença deverá ser vista de modo mais coerente com a filosofia de vida que o Espiritismo nos enseja.

Por entender que ninguém sofre dores quaisquer por acaso, consciente de que todos os processos enfermiços guardam relação com as necessidades de renovação íntima, clara ficará a urgência de maior soma de maturidade perante os seus aguilhões.

Consoante tais entendimentos, viva o indivíduo espírita com a nobreza que as orientações do Consolador propicia, em face das descompensações da saúde somática.

Nenhum argumento do mundo será superior à compreensão das leis de causa e efeito.

Nenhuma ponderação deverá suplantar a absoluta certeza da perfeição das Leis do Criador.

***

Não se utilize o lidador espírita, quando enfermo ou à frente da doença de algum ente querido, dos ademanes que engabelam, que impressionam, mas que nada resolvem, ante a proeminência da Misericórdia associada à Justiça que emana de Deus.

Não se permita as beberagens estranhas, nem as fitas, carvões, copos d’água ou tesouras abertas. Afaste das suas relações espirituais as estatuetas místicas do Buda ou de elefantes de costas voltadas para as entradas da casa. Desligue-se das figas e dos ramos aromáticos ou das defumações, mantendo-se fiel ao pensamento espírita e à certeza do cumprimento da Lei sublime dos Céus.

***

Ao lado do atendimento médico responsável, a fluidoterapia dos passes, a água fluidificada, a oração intercessória e a busca da própria paz, por meio da mudança da polaridade mental, acabarão por atingir o ponto onde se localiza o foco da doença. Além disso, somente a indiscutível confiança no amor de Deus.

É dessa maneira que, conscientizados do papel da dor, da necessidade da sua redenção, os espiritistas adoecidos em sua família encontrarão ensejo de amadurecer reflexões, reconsiderar velhos comportamentos, a fim de altera-los para melhor, restabelecer seu encontro com a harmonia da alma a se refletir na dinâmica celular do corpo fisiológico, que se faz fulgurante bênção divina no campo das árduas pelejas humanas.

***

Enfermidade na família é ensejo de reerguimento do enfermo, mas, sem dúvida, trata-se de elemento impulsionador do aprendizado, como do amadurecimento e da disciplina moral de todos os familiares.

Revoltas contra Deus? Jamais, porque será demonstração de infantilidade.

Amargura intérmina? Nunca, pois indicará infortunada associação às faixas de piora, com maiores transtornos.

Desilusões caprichosas? Por quê? Deus é o Amor e a Verdade que a todos nos atende de acordo com as nossas necessidades e méritos.

A confiança em Deus não deverá ser um adorno para quando tudo esteja bem, dentro dos padrões humanos. Outrossim, será luz a fulgir em todos os momentos da vida dos seres, conferindo-lhes euforia íntima para a superação de todos os problemas da saúde nossa ou dos nossos, emancipando-nos para sempre, valendo-nos das pelejas doloridas de agora.

Família espírita...

Mesmo na quadra difícil da enfermidade, mantenha o seu comportamento espírita.

Thereza de Brito

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
TEIXEIRA, J. R. "Vereda Familiar". Pelo Espírito Thereza de Brito. 5ª ed. Niterói, RJ: Fráter, 2004, capítulo 26.

Instrumento Mediúnico

No esforço de cooperar com os Prepostos de Jesus, no socorro de irmãos enfermos do Mundo Invisível e aos atormentados do carreiro humano, não se deve descurar das responsabilidades que cabem a cada um.

Compreendendo-se transe mediúnico como um processo de ligação psicoelétrica, baseada na estrutura do sistema nervoso central e nas diferentes propriedades do corpo perispiritual, é notória a participação do ser humano, como um todo, a fim de que tudo ocorra dentro dos níveis de maturidade e engrandecimento que se fazem necessários.

*

O cirurgião atenderá à cirurgia, previamente marcada, a fim de socorrer o paciente necessitado. Porém, se esse paciente não se impuser as disciplinas devidas, orientadas pelo profissional, não poderá aguardar bom êxito do empreendimento médico, e, certamente, estará correndo riscos imprevisíveis que seriam desnecessários.

O engenheiro calculará todo o material a utilizar-se em importante construção, para o progresso coletivo e para o benefício geral. Entretanto, se os empregados utilizarem material de má qualidade, fora das especificações, e não respeitarem as bases calculadas e as normas prescritas, não se queixarão, mais tarde, dos prejuízos conseguidos ou dos desastres havidos em função da incúria.

O professor tudo fará pelo aprendizado do aluno, orientando estudos, indicando literaturas, acompanhando-lhe os passos na esfera dos seus conhecimentos e habilidades. No entanto, se o discípulo se apresenta negligente, irresponsável à frente das lições com que deveria se ilustrar, não poderá admirar-se das reprovações nem dos processos de dependência, que o impedirão de avançar.

Em mediunidade dá-se algo muito similar.

Os Irmãos do Infinito recomendam cuidados e disciplinas, reflexão e estudo, vivência sã e bom senso, a fim de proporcionar excelentes ocasiões de bom atendimento, com o Cristo, bem como dando oportunidade ao próprio crescimento do intermediário encarnado. Mas, se tais sugestões não forem atendidas, se o medianeiro não se dá ao trabalho do brunimento próprio, estudando para melhor compreender, meditando, a fim de conhecer o próprio íntimo, não se poderá queixar da faixa de tormentos em que se fixará, nem deverá evocar proteção superior se, ao seu turno, deixa-se à matroca, aconselhando-se com a preguiça e a intemperança que são, entre outros fatores, portas abertas às obsessões.

Todo e qualquer médium é responsável pela qualidade do fenômeno que veicula.

Assim, na tua movimentação diária, ouvirás sobre todos os assuntos e temas que chegarão aos teus ouvidos por meio de conversas variadas e noticiários, agradáveis uns, enfadonhos outros, infelizes muitos. Entretanto, procurarás selecionar os elementos que te possam enriquecer o entendimento das coisas, deixando em plano secundário, quando não os consigas esquecer, tudo que te possa perturbar a mente, considerando os teus compromissos psíquicos.

Recolherás na retina as imagens variadas do cotidiano. As cenas grotescas da violência nas ruas; a crueza da indiferença e do desrespeito em muitos setores de atendimento público; os rituais apelativos do erotismo nas bancas de revistas e jornais, nos gestos e nas vestimentas; a miséria que habita sarjetas e guetos infectos quanto os excessos dos que exibem poder e pompa, em pleno delírio da vaidade. Saberás classificar cada quadro e seus matizes a fim de que não te aturdas, nem te desequilibres, embora nem sempre te possas evadir dos constrangimentos e indignações compreensíveis na tua experiência humana, mas que deverás controlar pensando na interferência perturbatória que poderás sofrer em teus deveres psíquicos.

Viverás os conflitos do próprio íntimo, perante as circunstâncias mais diferentes. À medida que passem os dias, buscarás aprofundar o conhecimento de ti mesmo, evitando que tais embates, entre os valores e os desvalores da alma, provoquem desarmonias nas experiências do psiquismo sob tua responsabilidade.

Desse modo, os comunicantes espirituais poderão ser alucinados de dor ou de revolta, poderão estar embotados pela amargura ou se encontrar em explosões de violência, porque o médium contará com a possibilidade da vigilância, procurando filtrar devidamente, coerentemente, o comunicado de que se vê instrumento, em virtude dos exercícios de organização mental e disciplina moral que realiza todos os dias, na pauta da sua atividade humana.

*

Muitos são os que procuram informações quanto aos modos pelos quais se poderá melhor desenvolver a mediunidade, ou educá-la, para servir com maior proveito. É necessário se entenda, nesse caso, que à medida que o indivíduo com deveres mediúnicos se renova e se amplia, como criatura humana, quanto mais se aprimora como ser, mais conhecendo, mais amando, mais sentindo e sendo melhor pessoa, obviamente suas características mediúnicas, sejam quais forem, igualmente se desenvolverão.

Não há milagres sob os Céus. Tudo é fruto de ingentes esforços, de árduos trabalhos em prol da evolução desejada.

Quando te ponhas no labor da mediunidade, saibas que os pruridos de inarmonia que te visitem, vindos do exterior, os excessos de que sejas veículo ou as impropriedades morais às quais te acomodes, correrão por tua conta, uma vez que o Senhor te confia os talentos mediúnicos para que, sabendo usa-los para o teu e para o bem de todos, faças-te cooperador consciente e digno da construção do Reino de Luz a ser inaugurado na Terra, logo mais, com a tua participação efetiva.

Camilo

Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referência:
TEIXEIRA, J. R. "Correnteza de Luz", pelo Espírito Camilo. Niterói, RJ: Fráter, 1999, cap. X, referência ao item 216 de O Livro dos Médiuns.