Importa notar duas situações distintas, na mesma categoria de casos de loucura sem lesões cerebrais: uma é relacionada a processos obsessivos; outra, a reação inconformada e rebelde do próprio Espírito a certas situações de sua vida, que pode levar ao primeiro caso, de obsessão, por questão de sintonia.
Considerando o primeiro caso, o Codificador esclarece na obra "O que é o Espiritismo"[1] que não se pode confundir a loucura patológica com a obsessão, pois esta última "não provém de lesão alguma cerebral, mas da subjugação que Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que, muitas vezes, têm as aparências da loucura propriamente dita. Esta afecção, muito frequente, é independente de qualquer crença no Espiritismo e existiu em todos os tempos. Neste caso, a medicação comum é impotente e mesmo prejudicial. Fazendo conhecer esta nova causa de perturbação orgânica, o Espiritismo nos oferece, ao mesmo tempo, o único meio de vencê-la, agindo não sobre o enfermo, mas sobre o Espírito obsessor. O Espiritismo é o remédio e não a causa do mal."
Ainda tratando de casos de loucura por obsessão, Bezerra de Menezes, na obra "A Loucura sob Novo Prisma"[2], esclarece que: "Entretanto, a verdade é que há casos bem verificados de perturbação mental sem lesão orgânica do cérebro, o que diz bem positivamente que a loucura não depende essencialmente do estado mórbido do cérebro. Se assim é, e não pode ser cientificamente contestado, a consequência irrecusável é que o cérebro não gera o pensamento, é que, independente daquele órgão, pode o pensamento sofrer perturbações. (...) Para distinguir-se esta nova espécie, chamar-lhe-emos loucura moral, ou mais apropriadamente: loucura psicológica, por tratar-se da perturbação da faculdade anímica, e não do instrumento da manifestação."
Já nos casos de inconformação do Espírito, o instrutor Calderaro, na obra "No Mundo Maior"[3], esclarece que a maioria dos casos de loucura não são devidos a problemas orgânicos e sim a outra ordem de causas. Em suas palavras: "Quase podemos afirmar que noventa em cem dos casos de loucura, excetuados aqueles que se originam da incursão microbiana sobre a matéria cinzenta, começam nas consequências das faltas graves que praticamos, com a impaciência ou com a tristeza, isto é, por intermédio de atitudes mentais que imprimem deploráveis reflexos ao caminho daqueles que as acolhem e alimentam. Instaladas essas forças desequilibrantes no campo íntimo, inicia-se a desintegração da harmonia mental: esta por vezes perdura, não só numa existência, mas em várias delas, até que o interessado se disponha, com fidelidade, a valer-se das bênçãos divinas que o aljofram, para restabelecer a tranqüilidade e a capacidade de renovação que lhe são inerentes à individualidade, em abençoado serviço evolutivo. Pela rebeldia, a alma responsável pode encaminhar-se para muitos crimes, a cujos resultados nefastos se cativa indefinidamente; e, pelo desânimo, é propensa a cair nos despenhadeiros da inércia, com fatal atraso nas edificações que lhe cabe providenciar."
Concluindo, nos casos de loucura sem lesão cerebral, importa considerar que o Espírito encarnado é o responsável por este desajuste, que pode até acarretar lesões perispirituais que, de futuro, podem refletir-se no corpo físico. Sendo ele mesmo a causa, cabe a ele iniciar o processo de cura, mudando o seu modo de pensar e de proceder, libertando-se, pelo amor, pela transformação íntima, ou ainda pela reforma interior, dos processos obsessivos e auto-obsessivos.
Assim, preservemo-nos da loucura, usando os remédios da tolerância, da paciência e da prece, na manutenção de nossa harmonia interior.
Veja também o texto sobre Alienação mental nos tempos de Kardec, neste blog.
Bons estudos!
Carla e Hendrio
Referências:
1.KARDEC, Allan. “O que é o Espiritismo”. 26ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 2001. Segundo diálogo: O Céptico. Loucura, Suicídio e Obsessão.
2.MENEZES, Adolfo Bezerra de. "A Loucura sob Novo Prisma". 13ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 3.
3.XAVIER, Francisco Cândido. “No Mundo Maior”. Pelo Espírito André Luiz. 20ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1995. Capítulo 16.
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