sábado, 17 de abril de 2010

Chico

Quando admiramos alguém, procuramos incorporar em nossa vida alguns modos de ser que nos façam ficar mais próximos da pessoa admirada. Pode ser imitar o jeito de falar, algumas expressões, alguns gestos e atitudes. Não nos referimos aos especialistas em imitações, que são artistas, mas em mudanças conscientes que vamos fazendo para nos tornarmos mais próximos do ideal que traçamos para nós. Assim, ver o exemplo positivo de alguém, a prática da caridade, se temos olhos de ver, nos estimula a trazer esse exemplo para nosso cotidiano e vivenciarmos também essa situação.

Há, porém, outra forma de admiração, que coloca o ser admirado num "pedestal", tão longe de nós, que se torna impossível imitarmos seu exemplo. Tudo se torna inatingível e uma modéstia nem sempre real nos faz apregoar o quanto estamos distantes de atingir tal objetivo... Ocorre, neste caso, que, por o situarmos tão acima, comodamente nem começamos a dar o primeiro passo para encurtar a distância. Se é inatingível, para que nos esforçarmos? Vamos achar bonito e pronto. Não é para nosso bico... e assim se multiplicam as desculpas que nos fazem ficar parados no mesmo lugar.

Dentre as diversas reflexões que Chico Xavier nos desperta, essa é uma que devemos amadurecer, nestes tempos de homenagens mais que merecidas pelo seu exemplo de vida, que está acima da religião que professava.

O que nos desperta Chico Xavier?


Quando ouvimos histórias de sua vida, nos sentimos estimulados a vencer os desafios que nossa vida nos oferece? Sentimo-nos estimulados a tolerar mais os outros, a sermos mais afáveis, enfim, a mudarmos algo? Ou nos deslumbramos com os fenômenos que ele vivenciou, observando sua vida apenas como mais uma história interessante, que não contribui para nossa modificação íntima?

Francisco Cândido Xavier foi um dedicado e humilde medianeiro, responsável por centenas de mensagens de alento e instrução a milhões de almas. Por executar sua missão com tamanha dedicação, disciplina e renúncia, dedicando-se ao próximo em detrimento de quaisquer vantagens pessoais, agregou valor às elevadas mensagens que trazia do mundo espiritual. Exemplificou as palavras de Paulo na segunda carta aos coríntios: "Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois carta de Cristo, feita por nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedras, mas em tábuas de carne de coração." (Segunda carta de Paulo aos coríntios 03:02-03).

Finalizamos com mais um episódio envolvendo dois Espíritos de escol, relatado por Ramiro Gama [1], para nossa reflexão.

"O Veterinário de Deus...

O nosso caro Chico Xavier, sobre sofrer moralmente, sofre também fisicamente.
Olhamos para sua fisionomia serena e irradiando bom humor e nem de leve sentimos o que lhe vai por dentro da alma cândida e sempre experimentada.
Além dos sofrimentos espirituais, possui uma maquinaria carnal, como a que possuímos, sempre em reparos...
A visão lhe é deficientíssima.
E, uma das vistas, além disto, lhe dói constantemente e, vez por outra, sangra e lacrimeja, trazendo-lhe dores pungentes.
Ao final de uma das Sessões de sexta-feira do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em que atendeu, durante cinco horas seguidas, a mais de duas mil receitas, sua vista mais lesada sangrava e doía insuportavelmente.
O Dr. Bezerra, o abnegado Espírito receitista, já havia se ausentado, depois de haver, pelo Chico, respondido a todas as perguntas e solucionado infinidades de problemas íntimos...
Que fazer, pensava o querido Médium, em meio de uma assistência numerosa de Irmãos, que, nem de leve, lhe sentia a prova e que ainda se mostrava desejosa de receber, pelos seus abraços de despedida, mais algum benefício?
Nesta fase crucial, em que sofria material e moralmente, vê a seu lado o Espírito amoroso de Antonio Loreto Flores e lhe suplica humildemente:
- Irmão Flores, você que é um dos abnegados e sinceros pupilos do Dr. Bezerra, pede-lhe um remédio para meus olhos, pois sofro muito...
O Irmão Flores parte incontinente e aflito.
Daí a instantes chega com o Dr. Bezerra, que, olhando o Chico, se surpreende e lhe diz:
- Mas, Chico, por que você não me disse que estava passando mal da vista? Eu lhe teria medicado.
E o humilde Médium, emocionado por ver à sua frente o Espírito querido, todo iluminado, refletindo bondade, lhe pede:
- Dr. Bezerra, eu não lhe peço como gente, mas como uma Besta cheia de pisaduras, que precisa curar-se para continuar seu trabalho e ganhar seu pão de cada dia. Cure, pois, por caridade, os meus olhos doentes...
- Se você, caro Chico, é uma Besta e eu quem sou então? - retrucou-lhe o querido apóstolo.
- O Sr., Dr. Bezerra, exclama o Chico, é o Veterinário de Deus!...
Diante do estimado Médium classificar o Dr. Bezerra de Veterinário de Deus, esse, emocionado e surpreso pela resposta do Chico, volta-se para o lado e sorri... E o Médium conclui:
- Pela primeira vez, desde que trabalho com o Espírito querido do Kardec Brasileiro, vi-o sorrir e fiquei satisfeito.
Depois disto, colocou-me ele as mãos luminosas sobre a vista doente e senti-me, de imediato, melhorado.
Tudo se deu em minutos. Ninguém soube do sucedido.
Os abraços de despedida vieram.
E o Chico conseguiu partir para seu lar e dormir uma noite sem dores e sem lágrimas..."


Bons estudos!

Carla e Hendrio


Referência:
GAMA, Ramiro. "Lindos Casos de Bezerra de Menezes". 12ª ed. São Paulo, SP: LAKE, 1995. cap. 88 e 89.


Um comentário:

  1. OI!Carla e Hendrio

    Fiquei feliz pela sua visita,e fico feliz por ver cada vez mais,lindas almas levar a Doutrina a cada lar necessitado.

    Desejo muitas felicidades ao vosso trabalho e que nosso mestre Jesus esteja sempre convosco nessa jornada.

    Abraço fraterno

    Joana

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