Jesus é a fonte de nossa inspiração, nosso modelo e guia, fato reforçado pela Espiritualidade Superior à questão 625 de “O Livro dos Espíritos” [1]. O Evangelho contém as orientações de Jesus para nossa evolução moral.
Estudemos o tema Homem de Bem com as palavras de Jesus registradas por Mateus em seu capítulo 5, começando pelo entendimento que o Mestre traz sobre Deus.
Um Novo Entendimento sobre Deus
Lemos, nestas anotações do evangelista, que Jesus, vendo as multidões, subiu a um monte e transmitiu sublimes ensinamentos. Ele disse os versos do poema das bem-aventuranças; orientou sermos o sal da terra, a luz do mundo; afirmou não ter vindo destruir a lei ou os profetas, mas demonstrar seu cumprimento, e finalizou dizendo:
Jesus afirmou não ter vindo destruir a lei divina, cujas orientações conhecidas pelo povo judeu Ele cita diversas vezes (exemplos: João 10:34; Lucas 10:26 etc. Por isso Ele reforça a citação da lei moisaica constante do livro Deuteronômio, em seu capítulo 18, versículo 13:
Jesus compartilha conosco um novo entendimento sobre Deus. Já não é o Deus terrível, vingativo, ciumento apresentado por Moisés. É um Deus misericordioso, justo e bom, o qual perdoa a quem se arrepende e dá a cada um segundo as suas obras. É o Pai comum do gênero humano; é o Deus que quer ser amado, não temido. Allan Kardec desenvolveu um paralelo entre a ideia de Deus da época de Moisés e aquela que Jesus nos trouxe; esse importante entendimento encontra-se no livro “A Gênese”, quinta obra da Codificação Espírita, em seu capítulo I — “Caráter da Revelação Espírita” —, itens 21 a 25. [2]
A Doutrina Espírita vem ampliar nosso entendimento sobre Deus, partindo das ideias já trazidas por Jesus, nos esclarecendo, na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”, que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas [3]. Deus é infinito em Suas perfeições, e podemos ter uma ideia de algumas dessas perfeições: Deus é eterno, imutável, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
“Sermos perfeitos como nosso Pai”
Dentro de nossas possibilidades, podemos entender Deus como o máximo de todas as virtudes imagináveis. Não há bondade nem amor maiores do que os expressos por Deus à Criação.
Todos somos filhos de Deus. Não há como chegarmos à perfeição absoluta de Deus, senão seríamos Deus também; contudo, podemos atingir um grau de perfeição relativa.
Desta forma, quando Jesus nos disse “Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai”, Ele nos apresentou um modelo de perfeição que deveríamos nos esforçar para alcançar.
À questão 115 de “O Livro dos Espíritos”, a Espiritualidade Superior nos esclarece que:
As orientações acima ilustram a justiça perfeita de Deus, dando a todos nós o mesmo início. Ninguém é criado com privilégios. Através das provas que vivenciamos, tanto no plano espiritual como no plano de matéria densa, vamos aprendendo e desenvolvendo em nós as virtudes latentes que nos aproximam de Deus. Cada um, no entanto, segue o ritmo de sua escolha. Alguns aceleram seu aprendizado, outros temporariamente o adiam. À mesma questão acima, lemos, ainda:
O motivo de buscarmos nos aperfeiçoar é porque, atingindo essa perfeição, encontramos a felicidade. Se desejamos ser felizes, devemos direcionar nossos esforços para evoluirmos moral e intelectualmente.
A Escala Espírita
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores, na questão de nº 114, se os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram, recebendo a seguinte orientação:
Concluímos, assim, ser nossa a responsabilidade por passar de uma ordem espiritual para outra, ou seja, progredirmos. Além disso, estamos encarnados neste mundo para colaborar com o progresso de nossos semelhantes e do próprio mundo.
Nos itens 100 a 113 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec propõe uma Escala Espírita, na qual os Espíritos estão classificados em três ordens: Espíritos imperfeitos, bons Espíritos e Espíritos puros, sendo que as duas primeiras ordens possuem subdivisões [6].
Como já comentamos em outro estudo neste Blog (postagem “A Influência de ‘Maus’ Espíritos”), esta escala não serve para rotular ninguém. Utilizemo-la para avaliar nossas próprias conquistas morais e intelectuais e para ver o quanto ainda temos a evoluir.
Para evoluir plenamente, o Espírito também possui lições a vivenciar em mundos de matéria densa, necessitando, portanto, reencarnar. Não é possível aprendermos tudo em apenas uma existência corpórea. Assim, a viagem evolutiva do Espírito se faz em sucessivas reencarnações, na qual, em cada uma, ele evolui em um ou mais aspectos. Também nos desenvolvemos e aprendemos enquanto estamos na erraticidade, ou seja, no Plano Espiritual, no intervalo entre as encarnações, conforme definido à questão 224 de “O Livro dos Espíritos” [7]. Partimos de Deus, simples e sem conhecimentos, e vamos retornar a Deus, aperfeiçoados, como Espíritos Puros, colaborando na Criação, como Jesus nos orientou (João 14:12).
Estudemos o tema Homem de Bem com as palavras de Jesus registradas por Mateus em seu capítulo 5, começando pelo entendimento que o Mestre traz sobre Deus.
Um Novo Entendimento sobre Deus
Lemos, nestas anotações do evangelista, que Jesus, vendo as multidões, subiu a um monte e transmitiu sublimes ensinamentos. Ele disse os versos do poema das bem-aventuranças; orientou sermos o sal da terra, a luz do mundo; afirmou não ter vindo destruir a lei ou os profetas, mas demonstrar seu cumprimento, e finalizou dizendo:
“Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 05:48)
Jesus afirmou não ter vindo destruir a lei divina, cujas orientações conhecidas pelo povo judeu Ele cita diversas vezes (exemplos: João 10:34; Lucas 10:26 etc. Por isso Ele reforça a citação da lei moisaica constante do livro Deuteronômio, em seu capítulo 18, versículo 13:
“Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.”
Jesus compartilha conosco um novo entendimento sobre Deus. Já não é o Deus terrível, vingativo, ciumento apresentado por Moisés. É um Deus misericordioso, justo e bom, o qual perdoa a quem se arrepende e dá a cada um segundo as suas obras. É o Pai comum do gênero humano; é o Deus que quer ser amado, não temido. Allan Kardec desenvolveu um paralelo entre a ideia de Deus da época de Moisés e aquela que Jesus nos trouxe; esse importante entendimento encontra-se no livro “A Gênese”, quinta obra da Codificação Espírita, em seu capítulo I — “Caráter da Revelação Espírita” —, itens 21 a 25. [2]
A Doutrina Espírita vem ampliar nosso entendimento sobre Deus, partindo das ideias já trazidas por Jesus, nos esclarecendo, na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”, que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas [3]. Deus é infinito em Suas perfeições, e podemos ter uma ideia de algumas dessas perfeições: Deus é eterno, imutável, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
“Sermos perfeitos como nosso Pai”
Dentro de nossas possibilidades, podemos entender Deus como o máximo de todas as virtudes imagináveis. Não há bondade nem amor maiores do que os expressos por Deus à Criação.
Todos somos filhos de Deus. Não há como chegarmos à perfeição absoluta de Deus, senão seríamos Deus também; contudo, podemos atingir um grau de perfeição relativa.
Desta forma, quando Jesus nos disse “Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai”, Ele nos apresentou um modelo de perfeição que deveríamos nos esforçar para alcançar.
À questão 115 de “O Livro dos Espíritos”, a Espiritualidade Superior nos esclarece que:
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si.” [4]
As orientações acima ilustram a justiça perfeita de Deus, dando a todos nós o mesmo início. Ninguém é criado com privilégios. Através das provas que vivenciamos, tanto no plano espiritual como no plano de matéria densa, vamos aprendendo e desenvolvendo em nós as virtudes latentes que nos aproximam de Deus. Cada um, no entanto, segue o ritmo de sua escolha. Alguns aceleram seu aprendizado, outros temporariamente o adiam. À mesma questão acima, lemos, ainda:
“Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento.” [4]
O motivo de buscarmos nos aperfeiçoar é porque, atingindo essa perfeição, encontramos a felicidade. Se desejamos ser felizes, devemos direcionar nossos esforços para evoluirmos moral e intelectualmente.
A Escala Espírita
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores, na questão de nº 114, se os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram, recebendo a seguinte orientação:
“São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.” [5]
Concluímos, assim, ser nossa a responsabilidade por passar de uma ordem espiritual para outra, ou seja, progredirmos. Além disso, estamos encarnados neste mundo para colaborar com o progresso de nossos semelhantes e do próprio mundo.
Nos itens 100 a 113 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec propõe uma Escala Espírita, na qual os Espíritos estão classificados em três ordens: Espíritos imperfeitos, bons Espíritos e Espíritos puros, sendo que as duas primeiras ordens possuem subdivisões [6].
Como já comentamos em outro estudo neste Blog (postagem “A Influência de ‘Maus’ Espíritos”), esta escala não serve para rotular ninguém. Utilizemo-la para avaliar nossas próprias conquistas morais e intelectuais e para ver o quanto ainda temos a evoluir.
Para evoluir plenamente, o Espírito também possui lições a vivenciar em mundos de matéria densa, necessitando, portanto, reencarnar. Não é possível aprendermos tudo em apenas uma existência corpórea. Assim, a viagem evolutiva do Espírito se faz em sucessivas reencarnações, na qual, em cada uma, ele evolui em um ou mais aspectos. Também nos desenvolvemos e aprendemos enquanto estamos na erraticidade, ou seja, no Plano Espiritual, no intervalo entre as encarnações, conforme definido à questão 224 de “O Livro dos Espíritos” [7]. Partimos de Deus, simples e sem conhecimentos, e vamos retornar a Deus, aperfeiçoados, como Espíritos Puros, colaborando na Criação, como Jesus nos orientou (João 14:12).
Foto: Carla Engel
Perfeição e Imperfeição
Apresentamos, acima, a visão macro da jornada evolutiva a realizarmos. Esta jornada se realiza passo a passo, no dia-a-dia. Devemos perseguir a meta final, chegar à perfeição, como Jesus nos falou. Para tanto, é importante saber como chegar lá: estudemos em que patamar nos encontramos, o que pretendemos melhorar nesta encarnação e o caminho a utilizar para chegarmos a essas metas.
Podemos considerar dois extremos: o que caracteriza a imperfeição e o que caracteriza a perfeição. Iniciemos com a imperfeição.
Encontramos importantes orientações a respeito disso à questão 895 de “O Livro dos Espíritos”, na qual os Espíritos Superiores respondem que o sinal mais característico da imperfeição é o interesse pessoal [8]. Dizem eles ainda que o desinteresse é coisa tão rara na Terra que, quando se patenteia — ou seja, quando se observam ações desprovidas de interesse próprio —, todos o admiram, como se fora um fenômeno.
Vejamos, agora, o que caracteriza a perfeição. Allan Kardec questionou os Espíritos Superiores sobre o tema, à questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, obtendo a resposta a seguir:
“Por que indícios se pode reconhecer em um homem o progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espírita?
‘O Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida espiritual.’” [9]
Analisemos a primeira parte da resposta: a prática da lei de Deus, ou seja, a Lei Natural, a qual indica o que o homem deve fazer ou deixar de fazer. Afastando-se dela, o homem torna-se infeliz. A prática da lei de Deus representa fazer aos outros aquilo que nós gostaríamos que eles nos fizessem.
Todos podem conhecer a Lei Divina, pois ela está escrita em nossa consciência [10], porém nem todos ainda a compreendem e aplicam. Essa compreensão e prática vão se ampliando à medida da nossa evolução moral e intelectual.
À questão acima referida, ao definirem os indícios pelos quais se reconhece a elevação de uma pessoa, os Espíritos não afirmaram ser quando todos os conhecimentos de sua vida corporal representam a prática da lei de Deus, e sim quando todos os atos de sua vida corporal representam a prática das Leis Divinas.
Ainda analisando a resposta à questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, o Espírito prova a sua elevação quando antecipadamente compreende a vida espiritual. Tal condição se verifica quando devotamos aos bens materiais o seu valor real, não os supervalorizando como se estes fossem as últimas ou únicas coisas da Terra ou o que há de mais importante no mundo. Significa sermos um pouco mais pacientes, compreensivos, tolerantes, porque entendemos que tudo o que vivenciamos aqui passa, é uma fase, um aprendizado.
Quando voltarmos à vida espiritual, ou seja, deixarmos aqui nosso corpo físico pela desencarnação, forçosamente retomaremos o contato com este plano da vida. O Espírito André Luiz relata ter vivenciado esta retomada sem preparação para tal no livro “Nosso Lar”. A recomendação dos Espíritos, contudo, é a de dispormos de uma compreensão antecipada da vida espiritual, antes de para lá retornarmos, visando a melhor aproveitar o estágio de aprendizado no mundo de matéria densa.
Caminho Evolutivo: Justiça, Amor e Caridade
Para sabermos o que já conquistamos e o que ainda temos a evoluir em termos morais e intelectuais, é necessário desenvolver, praticar e constantemente aprimorar o autoconhecimento, processo de análise íntima de nós para conosco, realizada de forma particular, honesta, sem condescendência nem crítica destrutiva. Na questão de nº 919-a, em O Livro dos Espíritos, Santo Agostinho nos dá o seu método de análise pessoal. [11]
Reconhecidas oportunidades de melhoria em nosso ser, o caminho para atingi-las só pode ser a prática do bem, pois aprendemos, na Doutrina Espírita, que, fora da Caridade não há salvação, conforme podemos estudar no capítulo XV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” [12].
Assim como precisamos conhecer detalhes do caminho para chegarmos um destino, a fim de mais rapidamente atingi-lo, não basta nos limitarmos a desejar chegar à perfeição, sem conhecimento das características dessa perfeição. Ao estudar os Caracteres do Homem de Bem, à questão 918 de “O Livro dos Espíritos” [9], Allan Kardec enumerou algumas dessas características — ou seja, alguns dos nossos objetivos, caso desejemos nos tornar mulheres e homens de bem.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec retoma esse assunto no capítulo XVII — “Sede Perfeitos” —, no qual é analisada passagem evangélica de Mateus 05, capítulo 05, versículo 48, citada acima. No item 3 do capítulo “Sede Perfeitos”, sob o título de “O Homem de Bem”, o Codificador amplia o rol de características constante de “O Livro dos Espíritos”:
“O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.” [13]
O dicionário nos orienta que cumprir significa executar com exatidão, obedecer. Assim, o homem de bem é o que executa com exatidão, obedece, pratica a Lei de Justiça, Amor e Caridade, na sua maior pureza.
A Codificação Espírita também analisa o que vem a ser a Lei de Justiça, Amor e Caridade. Kardec dedica o capítulo 11 da 3ª parte de “O Livro dos Espíritos” para estudar essa Lei. [14]
Justiça, conforme o ensino dos Espíritos Superiores à questão 875 de “O Livro dos Espíritos”, consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. Kardec então pergunta o que determina tais direitos, e os Espíritos explicam que tais direitos são determinados tanto pela lei humana quanto pela lei divina ou lei natural [15].
A lei humana é mutável, transitória, pois estamos em evolução, e o que achávamos certo em determinada época é compreendido de forma distinta nos dias atuais. Por isso nossas leis devem sofrem melhorias, refletindo o nosso grau de adiantamento. As Leis Divinas, porém, são imutáveis pois Deus é infinitamente perfeito e sábio. As Leis de Deus estão escritas em nossa consciência. É por isso que, mesmo não havendo uma lei que diga que devemos nos entender com nossos familiares, nossa consciência nos indica claramente que esse tipo de comportamento é o adequado. Observamos, mais uma vez, a necessidade de ouvirmos nosso íntimo, de agirmos com mais cuidado e não apenas reagirmos, para que nossos atos sejam de acordo com o que nossa consciência nos indica como mais correto.
Tendo analisado a questão da Justiça, ponderemos brevemente agora sobre o Amor e a Caridade.
Kardec indagou aos Espíritos Superiores sobre o verdadeiro sentido da palavra caridade, conforme a entendia Jesus, tendo recebido a orientação de que caridade é:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” [16]
Kardec, em seu comentário à resposta acima, nos diz que:
“O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito.” [16]
Assim, o homem de bem cumpre integralmente a Lei de Justiça, Amor e Caridade, respeitando os demais e fazendo a eles tudo o que gostaria que os outros lhe fizessem.
O desenvolvimento do texto do comentário de Kardec à questão 918 de “O Livro dos Espíritos” é a explicação de como o homem de bem dá cumprimento à Lei de Justiça, Amor e Caridade em sua vida. O processo inicia pelo contato consigo mesmo, a autoanálise, interrogando à própria consciência sobre os atos que praticou. É interrogada a consciência, pois ali está escrita a Lei Divina.
Maturidade e Cuidado
Percebe-se também que o homem de bem é sincero, conhece a si mesmo, não precisa tentar esconder de si mesmo atos que tenha praticado, pois periodicamente ele analisa, interroga, observa a si próprio. Isso demonstra maturidade espiritual em progresso. Quando somos crianças, precisamos de alguém para nos dizer quando nos alimentar, tomar banho etc. Quando atingimos a maturidade, entendemos o porquê dessas atividades e nós mesmos nos suprimos, ou seja, cuidamos bem de nós.
O homem de bem cuida da alma e observa seus atos. Ele indaga se não transgrediu a Lei de Justiça, Amor e Caridade; multiplica perguntas para responder a esta primeira. Não fez o mal a ninguém? Neste âmbito, sua análise é aprofundada, porque não se está abordando apenas aquele mal segundo a justiça humana, o que consideramos crimes e/ou o que todos podem ter visto: é o mal em termos de desejar o mal — pode não ser crime para as leis humanas, mas é um mal para as Leis Divinas —; pensar algo negativo; sentir uma alegria mórbida quando sucede algo negativo à pessoa com quem não se simpatiza, ou simplesmente ser indiferente ao sofrimento alheio...
Qual o bem que podemos fazer? Há a caridade material, representada por bens materiais, dinheiro, comida etc., e há a caridade moral, que nada custa e todos podem praticar: saber calar; saber ser surdo a uma palavra zombeteira; relevar o desprezo dos outros e mais atitudes listadas em mensagem mediúnica assinada por Irmã Rosália [17]; ter paciência; sorrir; fazer uma prece; desejar o bem. Nas palavras do Codificador,
“Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo.” [18]
Kardec indica, na listagem dos caracteres do homem de bem, que este último interroga à consciência “(...) se ninguém tem motivos para dele se queixar” [9]. Importa nos questionarmos se o que pensamos ter feito de melhor, de fato o era. Era o de que nosso próximo realmente necessitava? Será que, em determinado momento, demonstramos impaciência; falamos algo que não devia...?
Allan Kardec também cita que o homem de bem se questiona, “enfim, se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem.” [9] Aqui, o homem de bem se coloca no lugar do outro, não se limitando a reagir às situações com foco exclusivo em seus valores e situação. São algumas das indagações o homem de bem faz a si mesmo, analisando seu dia.
Na sua interação com os outros, o homem de bem,
“Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus interesses à justiça.” [9]
Fazendo o bem pela alegria de fazer o bem, o homem de bem sabiamente não sofre de ingratidão, porque não espera realmente nada em troca. Se alguém não for grato ao bem que ele lhe fez, será apenas uma questão para a consciência do ingrato. O homem de bem não espera retribuição porque sabe que o que está fazendo é o certo, sendo a paz de consciência a melhor retribuição que ele tem.
O homem de bem sacrifica seus interesses pessoais à justiça, não buscando o “jeitinho”, levar vantagem; ele busca apenas o que é justo. Um ser devotado ao bem, nas palavras de Kardec,
“É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.” [9]
O ser no qual desejamos nos tornar, o homem de bem, tanto compreende a Paternidade Divina, que vê, em todos os homens, seus irmãos, sejam eles aqueles que torcem pelo time adversário; aqueles de outro país e, inclusive, aquele vizinho que, por vezes, é um teste à sua paciência...
Constante Evolução
Vejamos mais algumas características do homem de bem:
“Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.” [13]
Verifiquemos, pela característica acima, que o homem de bem não é um ser plenamente evoluído. Ainda temos imperfeições, as quais precisamos corrigir através do nosso esforço. Como sua avaliação é contínua, o homem de bem sabe se melhorou alguma coisa em relação ao dia anterior, porque presta atenção às suas ações e se avalia periódica e honestamente.
O comprometimento com o progresso do Espírito é atitude muito importante, pois vem contrapor a ideia de que, se a pessoa nasce de um jeito, não é possível melhorá-la. Quem precisa querer modificar-se é a própria pessoa. É possível, sim, mudarmos, evoluirmos. Há pessoas que tinham um mau hábito, como o do fumo; que tomaram a resolução de mudar, e efetivamente largaram esse vício. Algumas vezes, pessoas há que passam por doenças sérias e mudam completamente seu estilo de vida. É possível mudarmos, se assim desejarmos e trabalharmos com determinação em prol dessa mudança.
Reforçando a ideia de podermos nos melhorar se desejarmos e agirmos, Allan Kardec questionou aos Espíritos Superiores, e registrou sua pergunta com o número 909, em “O Livro dos Espíritos”, se poderia o homem, com os seus esforços, vencer as suas más inclinações. E os Espíritos Superiores responderam que sim, e, frequentemente, com esforços muito insignificantes. O que lhe falta, dizem eles, é a vontade. [19]
Transição da Terra e Transição de Sua Humanidade
Estamos em meio a um processo de transição planetária [20]. Nosso planeta, de mundo de provas e expiações, está passando para uma outra categoria, a de mundo de regeneração. Assim, tanto os Espíritos quanto os planetas evoluem. E o que o homem de bem tem a ver com a transição planetária?
Lemos, na 5ª obra da Codificação, “A Gênese”, em seu capítulo XVIII (“São chegados os tempos”), item 27 (“A geração nova”), que:
“Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem.” [21]
Assim, é razoável pensar que a geração nova, a qual vem habitar a Terra, seja constituída de homens de bem, os quais, como vimos, não são ainda Espíritos perfeitos, pois ainda têm imperfeições a vencer, mas já estão inclinados à prática do bem. Kardec, no mesmo capítulo supracitado de “A Gênese”, fala sobre a geração nova:
“Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.” [22]
Conclusão
Fica para nós o convite renovado de Jesus, o Mestre que nos conclama a sermos perfeitos como perfeito é nosso Pai, e nos esforçarmos em nossa melhoria, certos de que, em nos melhorando, estamos contribuindo efetivamente para a chegada desse mundo de paz e amor que tanto desejamos.
Bons estudos!
Carla e Hendrio
Referências:
[1] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Questão 625.
[2] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo I (“Caráter da Revelação Espírita”), itens 21 a 25.
[3] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Questão 1.
[4] Ibidem. Questão 115.
[5] Ibidem. Questão 114.
[6] Ibidem. Questões 100 a 113.
[7] Ibidem. Questão 224.
[8] Ibidem. Questão 895.
[9] Ibidem. Questão 918.
[10] Ibidem. Questão 621.
[11] Ibidem. Questão 919-a.
[12] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XV.
[13] Ibidem. Capítulo XVII, item 3.
[14] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Terceira parte, Capítulo XI.
[15] Ibidem. Questão 875-a.
[16] Ibidem. Questão 886.
[17] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XIII, item 9.
[18] Ibidem. Capítulo XIII, item 6.
[19] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Questão 909.
[20] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo III, item 19.
[21] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo XVIII, item 27.
[22] Ibidem. Item 28.
quero cumprimenta-los fraternalmente, pelos bons estudos. mantenha a qualidade do trabalho. precisamos muito.
ResponderExcluirabraços fraterno
Denise - lagoa santa - minas gerais
denise.geab@gmail.com
GRUPO ESPIRITA ARTHUR BERNARDES
Parabéns caros irmãos pela carinhosa contribuição nos dignificantes estudos da Doutrina dos Espíritos. Que Jesus os guarde e guie nesta caminhada de auto iluminação e iluminação de outros irmãos. Abraços fraternais. luciamarangheben@gmail.com
ResponderExcluirParabéns caros irmãos pela carinhosa contribuição no entendimento da Doutrina dos Espíritos. Desejo que Nosso Mestre Jesus continue guiando-os em seu caminho de Luz. Abraços fraternais.
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