sexta-feira, 12 de março de 2010

A Prece (2)

Conforme orientado pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec [1], a prece é uma elevação do pensamento a Deus, na qual podemos louvar, agradecer e pedir. Lembremos, portanto, de não apenas fazermos pedidos em nossas preces. O dom da Vida e a oportunidade de uma nova existência corpórea, na qual podemos nos melhorar e reparar erros (“O Livro dos Espíritos”, questão 167), já são dádivas pelas quais devemos sempre ser gratos a Deus.

A prece, sendo um encontro nosso com a Espiritualidade Superior, deve visar a nos modificar, e não necessariamente modificar as provas pelas quais estejamos passando. Nossa sintonia elevada modifica, antes de tudo, o modo como vemos os problemas que devemos resolver. Assim, problemas passam a ser encarados como lições, e nunca castigos, ideia incompatível com Deus infinitamente justo e bom. A este respeito, Kardec orienta [2]: “O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação.”

Dividindo os males da vida entre os que o homem não pode evitar e os causados por seus excessos ou negligência, temos [3]:
  • Acerca dos problemas evitáveis: a prece tem ação preventiva, trazendo inspiração elevada para não cedermos a tentações que atrasem nossa marcha evolutiva. Nas palavras de Kardec [4], “Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em conseqüência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.”;
  • Sobre os problemas que o homem, mesmo com toda prece com fé, não puder evitar: as rogativas elevadas visam a trazer boa inspiração para resistirmos a pensamentos de revolta, os quais baixariam nossa vibração e nos permitiriam aceder a inspirações que nos atrasem a evolução moral. O que os Bons Espíritos, neste caso, fazem, “não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano (...)”. Ou seja, se não se modifica a prova, dá-se condição de modificar a pessoa.

Kardec aponta haver opositores à prática da oração, alegando que tudo no Universo está sob a regência de uma sequência inalterável de eventos, tornando inútil a prece [5]. Este argumento é analisado da seguinte forma:
  • A mecânica quântica indica que os sistemas físicos não são estáticos, mas evoluem, de modo que o mesmo sistema, preparado da mesma forma, pode dar origem a resultados experimentais diferentes dependendo do momento em que se realiza a medida [6];
  • Experimentos cientificamente controlados [7] demonstraram a modificação, através da intenção em estado meditativo, de grandezas físicas como pH (acidez ou alcalinidade) de água. O pesquisador japonês Masaru Emoto [8] identificou mudanças em cristais de água a partir da energia de frases ou músicas às quais esta se submetia — e 70% de nosso corpo físico é composto de água;
  • O Codificador aponta [5], de forma coerente com os preceitos científicos acima abordados: “Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, consequências subordinadas ao que ele faz ou não. (...) Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.”
Aduzimos o fato de a Teoria das Cordas [9] indicar que a matéria, na realidade, é formada por energia que, vibrando em diferentes tons, gera diferentes partículas. Se toda matéria, seja a matéria bruta (que forma corpos estudados pela ciência; vide comentários à questão 617 de “O Livro dos Espíritos”), seja a sutil (que forma o perispírito e a matéria de mundos mais adiantados; vide questões 181, 186 e 187 de “O Livro dos Espíritos), é vibração, como o é a prece, é viável a atuação da última sobre a primeira.

Comparemos a capacidade de recepção de vibrações de nossa mente à sintonia de um receptor de rádio FM. Sabemos que, para ouvir a programação de uma emissora específica, devemos sintonizar o receptor na sua frequência de portadora, em torno da qual as antenas da emissora concentram sua potência. Sintonizando em uma emissora, não ouvimos a programação de outras, mesmo com seu sinal chegando ao receptor de rádio. Vimos, à primeira figura da postagem “A lembrança dos sonhos”, neste blog, que emoções alegres e nobres têm frequência mais elevada do que vibrações como medo, tristeza ou raiva.

Fenômeno similar ocorre em nossas mentes, com a diferença que, ao contrário do rádio FM, o qual apenas recebe sinal, nós também o emitimos e o lançamos no Universo, através do Fluido Universal [10]. Ademais, há sempre, vindo de Mais Alto, boas inspirações e energias superiores, por graça de Deus e pela atuação de Bons Espíritos que velam por nós e pela Terra. Porém, sem sintonizarmos com essa vibração superior, nos fazemos surdos a seus bons conselhos.

Conforme abordamos na postagem “A Prece”, o autor Martins Peralva, na obra “Estudando a Mediunidade [11], classifica a prece em Vertical, Horizontal e Descendente. Apresentando, nas figuras a seguir, um exercício didático, representando a “antena” de nossa mente direcionada para expressões elevadas, terra-a-terra ou voltadas ao mal, temos:

  • Prece Vertical: elevação de sintonia de emissão e recepção.

  • Prece Horizontal: vibrações terra-a-terra, sem elevação.

  • Rogativa Descendente: baixo teor vibratório e sintonia com Inteligências afins.


Importante notar que, estando com o “rádio mental” sintonizado em baixas frequências, não temos como esperar “ouvir” e reter inspirações do Alto. E essa escolha de onde sintonizar é tão somente nossa.

Decorre, daí, a importância do estudo do Evangelho no Lar, onde agendamos uma reunião semanal com dia e hora fixos para exercitarmos, pelo estudo e prece, nossa vibração com esferas superiores – a Espiritualidade Superior também destinará um colaborador para lá estar, em nossa residência, à hora e dia agendados, para bem nos inspirar.

Aduzimos que não é somente pela prece que nos comunicamos com Deus. Nossos atos falam por si. Devemos colocar em prática o que apregoamos, pela caridade, que é o amor em ação, em todas as suas formas (caridade material; educação no trato com todos; tolerância à divergência etc.). Toda ocupação útil é trabalho (“O Livro dos Espíritos”, questão 675), e toda ação executada com caridade também é uma prece. Emmanuel [12], a esse respeito, elucida: “(...) em todos os climas da Humanidade, se a palavra esclarece, o exemplo arrasta sempre.”.


Leia também, neste blog, as postagens “A Prece”, “Vigiai e Orai”, “Deus ajuda...”, “Fluido Universal”, “Maus Pensamentos”, “A lembrança dos sonhos” e “Evangelho no Lar e no Coração”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:
[1] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Questões 649 e 659.
[2] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII, item 07.
[3] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 12.
[4] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 11.
[5] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo XXVII item 06.
[6] Mecânica quântica. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_qu%C3%A2ntica. Acesso em 12/03/2010.
[7] TILLER, William A. “Towards a Quantitative Science and Technology that Includes Human Consciousness”. Disponível em http://www.tillerfoundation.com/papers.php. Acesso em 12/03/2010.
[8] “Masaru Emoto: Messages from Water”. Disponível em http://www.life-enthusiast.com/twilight/research_emoto.htm. Acesso em 12/03/2010.
[9] Teoria das cordas. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_cordas. Acesso em 12/03/2010.
[10] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1991. Capítulo VI item 17 e capítulo XIV, item 2.
[11] PERALVA, Martins. “Estudando a Mediunidade”. 12ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1987. Cap. 33.
[12] XAVIER, F. C. “Religião dos Espíritos”. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1960. Capítulo 68.


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