segunda-feira, 6 de julho de 2009

Inteligência e Instinto

O tema é tratado pelos Espíritos à pergunta 73 de “O Livro dos Espíritos”, na qual afirmam que o instinto é uma espécie de inteligência, uma inteligência sem raciocínio. Kardec comenta a pergunta 75 nos seguintes termos:

“O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.”

“O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e as suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade”.

O instinto se reflete na história de nosso desenvolvimento físico, manifestando-se também no cérebro, em regiões específicas, como apresentaremos a seguir.

Bezerra de Menezes, no livro "A Loucura sob Novo Prisma", afirma que a alma depende do corpo para se expressar. Um maior domínio sobre as potencialidades do nosso cérebro é útil para que possamos nos expressar melhor. O neurologista americano Paul MacLean* modelou que possuímos 3 cérebros que operam interconectados, mas cada um com sua inteligência, subjetividade, senso de tempo, espaço e memória.


- O “cérebro réptil” (tronco cerebral) é responsável pelos processos de preservação da vida física;
- O “cérebro mamífero” (sistema límbico) é responsável pelo comportamento emocional e instintivo;
- O “cérebro neomamífero” (neocórtex) é o responsável da linguagem, raciocínio e comportamento racional.

Este modelo é coerente com o do “castelo de 3 andares” apresentado por Calderaro a André Luiz nos capítulos 3 e 4 da obra “No Mundo Maior”, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. O estacionamento do indivíduo em qualquer uma dessas regiões traz prejuízo ao Espírito. De modo diverso, a harmonização de cada uma das regiões à sua função proporciona equilíbrio à alma.

O instinto não pode ser visto como uma manifestação “inferior”, visto que continua sendo fundamental à nossa preservação como animal. O que devemos evitar, isso sim, são palavras ou ações, originadas do cérebro emocional (cérebro mamífero), sem o crivo do cérebro racional (neomamífero). Aquele que nos ouve, pode reagir de maneira semelhante, apenas utilizando seu cérebro emocional, no intuito de se defender de uma ameaça. A vida deve ser vivida o mais conscientemente possível, reduzindo reações explosivas a fatos cotidianos.

Aduzimos que os instintos também evoluem, como afirma o Espírito Lázaro, em sua mensagem em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.”

“(...) Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos.”

Leia também, neste blog, as postagens “A Inteligência” e “A lei de talião”. A respeito da obra “A Loucura sob Novo Prisma”, de Bezerra de Menezes, leia também, neste blog, as postagens “Influência do organismo” e “Loucura sem lesão cerebral”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


* MACLEAN, Paul D. “The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions”. Plenum Press. New York, 1990.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Divida conosco seus estudos e opiniões!