Allan Kardec, comentando a resposta dos Espíritos Superiores à questão 419, de “O Livro dos Espíritos”[1], esclarece que: “Assim, muitas vezes o nosso Espírito revela a outros Espíritos, sem que saibamos, o que constitui objeto de nossas preocupações durante a vigília.”
Ainda na questão 457 a) da mesma obra, os Espíritos Superiores esclarecem que: “quando vos julgais bem escondidos, muitas vezes tendes uma multidão de Espíritos que vos observam.” Também o apóstolo Paulo, em sua carta aos Hebreus (12:1) comenta sobre a presença de testemunhas de nossos pensamentos e atos: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, (...)”.
Existe a ação dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, numa teia de vibrações através do fluido universal.
Importa considerar que essa faculdade não é ampla e irrestrita. Kardec comenta, na obra “A Gênese” [2], que: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles. Mas, a extensão e a penetração da vista são proporcionadas à depuração deles e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual”. Na mesma obra [3], temos o exemplo de Jesus, Espírito mais elevado que conhecemos: “Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a consequência. A visão espiritual, permanente nele, assim como a penetração do pensamento, haviam de mostrar-lhe as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus.” Jesus, por ser o máximo da evolução que conhecemos, podia penetrar o pensamento daqueles que o cercavam e sempre respondia ao pensamento daquele que o procurava de acordo com a intenção e não de acordo com as aparências. Exemplificando, na passagem “dai a César o que é de César” (Marcos 12:13-17), “Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?”
Corroborando que a penetração do pensamento é proporcional à elevação espiritual, e que aí mais uma vez se manifesta a sabedoria divina, o codificador comenta, na Revista Espírita [4], que: “Não há uma única das faculdades concedidas ao homem da qual não possa abusar em virtude de seu livre arbítrio; não é a faculdade que é má em si, é o uso que dela se faz. Se os homens fossem bons, não haveria nenhuma delas a temer, porque ninguém delas se serviria para o mal. No estado de inferioridade em que os homens ainda estão na Terra, a penetração do pensamento, se ela fosse geral, seria sem dúvida uma das mais perigosas, porque se tem muito a esconder, e muitos podem abusar. Mas quaisquer que sejam os inconvenientes, se ela existe, é um fato que precisa ser aceito de bom ou malgrado, uma vez que não se pode suprimir um efeito natural. Mas Deus, que é soberanamente bom, mede a extensão dessa faculdade à nossa fraqueza; no-la mostra, de tempos em tempos, para melhor nos fazer compreender a nossa essência espiritual, e nos advertir para trabalhar pela nossa depuração para não termos do que temer.”
Com o desenvolvimento do Espírito e o autoconhecimento, não haverá mais temor em se revelarem os pensamentos, pois nós mesmos já os teremos conhecidos e dominados. Tal processo ocorre com a reforma íntima, conforme preceitua Santo Agostinho, na explicação que dá ao Codificador, à questão 919, a), de “O Livro dos Espíritos”.
No futuro, com o desenvolvimento moral da Humanidade, essa faculdade de penetração dos pensamentos será útil e bem usada. Acompanhemos o pensamento de Kardec, em “Obras Póstumas” [5]: “Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal. Pela telegrafia do pensamento, ele apreciará em todo o seu valor a lei da solidariedade, ponderando que não há um pensamento, seja criminoso, seja virtuoso, ou de outro gênero, que não tenha ação real sobre o conjunto dos pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egoísmo o levava a desconhecer as consequências, para outrem, de um pensamento perverso, pessoalmente seu, por esse mesmo egoísmo ele se verá induzido a ter bons pensamentos, para elevar o nível moral da generalidade das criaturas, atentando nas consequências que sobre si mesmo produziria um mau pensamento de outrem.”
Veja também as postagens “Fluido Universal”, “Faixas”, “Intuição” e “Problemas Mentais”, neste Blog.
Bons estudos!
Carla e Hendrio
Referências:
1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 1ª ed. Comemorativa do Sesquicentenário do lançamento de O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 2007.
2. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVI, item 3.
3. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVII, item 21.
4. KARDEC, Allan. “Revista Espírita de outubro de 1864”. 1ª ed. São Paulo, SP: IDE. 1993. Tradução de Salvador Gentile. “Transmissão do pensamento”.
5. KARDEC, Allan. “Obras Póstumas”. 25ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1990. Primeira Parte, “Fotografia e a Telegrafia do Pensamento”.
Ainda na questão 457 a) da mesma obra, os Espíritos Superiores esclarecem que: “quando vos julgais bem escondidos, muitas vezes tendes uma multidão de Espíritos que vos observam.” Também o apóstolo Paulo, em sua carta aos Hebreus (12:1) comenta sobre a presença de testemunhas de nossos pensamentos e atos: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, (...)”.
Existe a ação dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, numa teia de vibrações através do fluido universal.
Importa considerar que essa faculdade não é ampla e irrestrita. Kardec comenta, na obra “A Gênese” [2], que: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles. Mas, a extensão e a penetração da vista são proporcionadas à depuração deles e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual”. Na mesma obra [3], temos o exemplo de Jesus, Espírito mais elevado que conhecemos: “Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a consequência. A visão espiritual, permanente nele, assim como a penetração do pensamento, haviam de mostrar-lhe as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus.” Jesus, por ser o máximo da evolução que conhecemos, podia penetrar o pensamento daqueles que o cercavam e sempre respondia ao pensamento daquele que o procurava de acordo com a intenção e não de acordo com as aparências. Exemplificando, na passagem “dai a César o que é de César” (Marcos 12:13-17), “Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?”
Corroborando que a penetração do pensamento é proporcional à elevação espiritual, e que aí mais uma vez se manifesta a sabedoria divina, o codificador comenta, na Revista Espírita [4], que: “Não há uma única das faculdades concedidas ao homem da qual não possa abusar em virtude de seu livre arbítrio; não é a faculdade que é má em si, é o uso que dela se faz. Se os homens fossem bons, não haveria nenhuma delas a temer, porque ninguém delas se serviria para o mal. No estado de inferioridade em que os homens ainda estão na Terra, a penetração do pensamento, se ela fosse geral, seria sem dúvida uma das mais perigosas, porque se tem muito a esconder, e muitos podem abusar. Mas quaisquer que sejam os inconvenientes, se ela existe, é um fato que precisa ser aceito de bom ou malgrado, uma vez que não se pode suprimir um efeito natural. Mas Deus, que é soberanamente bom, mede a extensão dessa faculdade à nossa fraqueza; no-la mostra, de tempos em tempos, para melhor nos fazer compreender a nossa essência espiritual, e nos advertir para trabalhar pela nossa depuração para não termos do que temer.”
Com o desenvolvimento do Espírito e o autoconhecimento, não haverá mais temor em se revelarem os pensamentos, pois nós mesmos já os teremos conhecidos e dominados. Tal processo ocorre com a reforma íntima, conforme preceitua Santo Agostinho, na explicação que dá ao Codificador, à questão 919, a), de “O Livro dos Espíritos”.
No futuro, com o desenvolvimento moral da Humanidade, essa faculdade de penetração dos pensamentos será útil e bem usada. Acompanhemos o pensamento de Kardec, em “Obras Póstumas” [5]: “Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal. Pela telegrafia do pensamento, ele apreciará em todo o seu valor a lei da solidariedade, ponderando que não há um pensamento, seja criminoso, seja virtuoso, ou de outro gênero, que não tenha ação real sobre o conjunto dos pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egoísmo o levava a desconhecer as consequências, para outrem, de um pensamento perverso, pessoalmente seu, por esse mesmo egoísmo ele se verá induzido a ter bons pensamentos, para elevar o nível moral da generalidade das criaturas, atentando nas consequências que sobre si mesmo produziria um mau pensamento de outrem.”
Veja também as postagens “Fluido Universal”, “Faixas”, “Intuição” e “Problemas Mentais”, neste Blog.
Bons estudos!
Carla e Hendrio
Referências:
1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 1ª ed. Comemorativa do Sesquicentenário do lançamento de O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 2007.
2. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVI, item 3.
3. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVII, item 21.
4. KARDEC, Allan. “Revista Espírita de outubro de 1864”. 1ª ed. São Paulo, SP: IDE. 1993. Tradução de Salvador Gentile. “Transmissão do pensamento”.
5. KARDEC, Allan. “Obras Póstumas”. 25ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1990. Primeira Parte, “Fotografia e a Telegrafia do Pensamento”.
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