segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Reconciliação

Jesus recomendou a reconciliação com os inimigos, enquanto estivermos com eles a caminho, nos Evangelhos de Mateus (5:20-26) e Lucas (12:54-59), não somente “objetivando apaziguar as discórdias no curso da nossa atual existência; (...) mas, principalmente, para que elas se não perpetuem nas existências futuras.” Allan Kardec prossegue, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, explicando que: “(...) Importa, conseguintemente, do ponto de vista da tranqüilidade futura, que cada um repare, quanto antes, os agravos que haja causado ao seu próximo, que perdoe aos seus inimigos, a fim de que, antes que a morte lhe chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda causa fundada de ulterior animosidade. Por essa forma, de um inimigo encarniçado neste mundo se pode fazer um amigo no outro; pelo menos, o que assim procede põe de seu lado o bom direito e Deus não consente que aquele que perdoou sofra qualquer vingança.” [1] Assim, de nossa parte, ao perdoar, já nos reconciliamos com aquele que nos parece adversário, evitando futuras obsessões.

Carlos Torres Pastorino [2] ressalta que o contexto onde Jesus faz essa citação visa a mostrar a superioridade do amor sobre os sacrifícios, conforme Mateus 09:13 e Oséias 06:06 (leia, também, a respeito dessas duas citações bíblicas, a postagem "O amor cobre uma multidão de pecados", neste blog). Pastorino informa que “diz Jesus que deixe ali sua oferta e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão. Mostra-nos isso que a adoração e mesmo a oração não têm efeito, se não estamos vibrando na frequência do amor”. Este autor afirma que devemos nos reconciliar hoje, ou seja, ainda na presente reencarnação, “para que não sejamos entregues ao juiz (nossa consciência liberta, nosso Eu profundo) que nos manterá ‘na prisão’, ou seja, no corpo (nas sucessivas encarnações), das quais não nos libertaremos enquanto não tivermos pago o último centavo. Enquanto não for resgatado todo o carma, não sairemos da roda das reencarnações, a que os hebreus chamava gilgal e os hindus samsara.”

Outro motivo seria a compreensão de que nós mesmos também cometemos erros e precisamos da indulgência alheia para com nossas faltas, conforme comentário de Kardec a respeito das características do homem de bem, à questão 918 de “O Livro dos Espíritos”.


Considerando a assertiva “fora da caridade não há salvação” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XV), o verdadeiro sentido da caridade, segundo a resposta dos Espíritos à questão 886 de “O Livro dos Espíritos”, como entendia Jesus, é “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Dessa forma, se desejamos evoluir, devemos perdoar.

A respeito do tema, leia também, neste blog, as postagens “Amar os inimigos”, “Egos virtuosos e Eus sapientes” e “Caminha Alegremente”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio

Referências:
1. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1999. Capítulo XII, item 6.
2. PASTORINO, Carlos Torres. “Sabedoria do Evangelho”. Rio de Janeiro, RJ: Sabedoria, 1964. Volume 2. “As Ofensas”.

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