quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Espíritos missionários

Missão, segundo o dicionário [1], significa “ofício, ministério; obrigação, compromisso, dever a cumprir.” Já o termo Missionário [2], “aquele que foi incumbido de realizar determinada missão”.

Todos os Espíritos têm missão, ou seja, deveres a cumprir, conforme resposta dada pelos Espíritos à questão 559 de “O Livro dos Espíritos”. Carlos Torres Pastorino [3] comenta a esse respeito: “Observemos que a perfeição é de alguns poucos, no sentido religioso. Se todos os homens se dedicassem à perfeição religiosa e à espiritualidade, a evolução planetária ficaria paralisada. Há missionários que vêm com tarefas espirituais e missionários que vêm com tarefas materiais, cuidando da parte econômica e financeira; os que plantam, os que colhem, os que armazenam para a revenda; os que desenham, os que constroem, os que decoram os edifícios; os que fabricam, estocam e distribuem as mercadorias, em troca do dinheiro que lhes possibilite prosseguir na produção de benesses; os que estudam, pesquisam e aplicam o resultado de sua ciência para proveito das criaturas humanas e dos animais e plantas; os que captam a inspiração para compor, os que orquestram e os que executam para deleite dos homens; os que legislam, julgam e governam cidades e povos na manutenção da ordem; os que defendem acusados, os que curam doentes, os que assistem nos templos, todos sem exceção, todas as profissões e trabalhos que apresentam SERVIÇO, dos mais elevados aos mais humildes, podem ser levados à Vida, embora nem todos alcancem a perfeição.”

Todavia, a questão proposta refere-se a atribuições de maior abrangência e relevância. Kardec faz essa distinção na questão 575 de “O Livro dos Espíritos”: “As ocupações comuns mais nos parecem deveres do que missões propriamente ditas. A missão, conforme a ideia associada a esta palavra, tem o caráter de importância menos exclusivo e, sobretudo, menos pessoal. Deste ponto de vista, como se pode reconhecer que um homem tem realmente uma missão na Terra? Resposta: Pelas grandes coisas que realiza, pelo progresso a que conduz os seus semelhantes.”

Comentando ainda o assunto, na Revista Espírita de março de 1868, diz [4]: “Assim, para o Espiritismo, todo Espírito encarnado para cumprir uma missão especial junto à Humanidade é um messias, na acepção geral da palavra, isto é, um missionário ou enviado, com a diferença, entretanto, que o vocábulo messias implica mais particularmente a ideia de uma missão direta da Divindade e, consequentemente, a da superioridade do Espírito e da importância da missão. Daí se segue que há uma distinção a fazer entre os messias propriamente ditos, e os Espíritos simples missionários. O que os distingue é que, para uns, a missão ainda é uma prova, porque podem falir, enquanto para os outros é um atributo de sua superioridade. Do ponto de vista da vida corporal, os messias entram na categoria das encarnações ordinárias de Espíritos, e a palavra não tem qualquer caráter de misticismo.


Todas as grandes épocas de renovação viram aparecer messias encarregados de dar impulso ao movimento regenerador e o dirigir. Sendo a época atual uma das de maiores transformações da Humanidade, terá também os seus messias, que a presidem já como Espíritos, e terminarão sua missão como encarnados. Sua vinda não será marcada por nenhum prodígio, e Deus, para os tornar conhecidos, não perturbará a ordem das leis da Natureza. Nenhum sinal extraordinário aparecerá no céu, nem na Terra, e não serão vistos descendo das nuvens, acompanhados por anjos. Nascerão, viverão e morrerão como o comum dos homens, e sua morte não será anunciada ao mundo nem por terremotos, nem pelo obscurecimento do Sol; nenhum sinal exterior os distinguirá, assim como o Cristo, em vida, não se distinguia dos outros homens. Nada, pois, os assinalará à atenção pública, a não ser a grandeza de suas obras, a sublimidade de suas virtudes, e a parte ativa e fecunda que tomarão na fundação da nova ordem de coisas. A antiguidade pagã deles fez deuses; a História os colocará no Panteão dos grandes homens, dos homens de gênio, mas, sobretudo, entre os homens de bem, cuja memória será honrada pela posteridade.”

Erasto, em mensagem registrada por Kardec na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” [5] diz que: “os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado”, acrescentando que são humildes e modestos. Reconhecem-se, então, os Espíritos Missionários, pelas suas obras, pelo progresso que realizam.

A respeito do tema, veja também as postagens “Expiação, Prova e Missão”, “154 anos do Consolador Prometido”, “Os Espíritas e o Movimento Espírita”, “Muitas Moradas”, “Simples e Ignorantes (1)” e “Programa Evolutivo”, neste blog.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:
1. HOLANDA, Aurélio Buarque de. “Novo Dicionário Eletrônico Aurélio”. Versão 5.0 de 2004. Positivo Informática. Missão.
2. Dicionário Priberam de Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx?pal=mission%E1rio. Acesso em 15.11.2009. Termo procurado: missionário.
3. PASTORINO, Carlos Torres. “Sabedoria do Evangelho”. Rio de Janeiro, RJ: Sabedoria, 1964. Volume 6. “O moço rico”.
4. KARDEC, Allan. “Revista Espírita de Março de 1868”. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro, RJ. FEB 2004. “Comentários Sobre os Messias do Espiritismo”, 4° item.
5. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1999. Capítulo XXI, item 9.

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