quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Atuação do Espírito Protetor

O Espírito protetor procura evitar que o seu protegido faça algo que lhe seja prejudicial por todas as formas que tem ao seu alcance, naturalmente respeitando o livre-arbítrio do seu protegido.

Corrobora essa assertiva o comentário de Kardec à questão 524 de “O Livro dos Espíritos” [1]: “Os Espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos por meio da voz da consciência, que fazem ressoar em nosso íntimo. Mas, como nem sempre ligamos a isso a devida importância, eles nos dão outros conselhos mais diretos, servindo-se das pessoas que nos cercam. Examine cada um as diversas circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos, que nem sempre aproveitou, e que lhe teriam poupado muitos desgostos, se os tivesse escutado.”


Concluindo, a palavra inspirada do Espírito Meimei, em sua ternura característica, nos narra, na obra “Pão Nosso” [2], a história intitulada O Pequeno Aborrecimento, que ilustra bem a interferência do Espírito Protetor em nossas vidas.

“Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o concurso amigo, sempre meditava na Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.

“Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno ônibus, com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da cidade em que morava, mas, no momento exato em que o ia fazer, surgiu-lhe à frente um vizinho, que lhe prendeu a atenção para longa conversa.

“O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a pressa que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o braço, parecia desvelar-se em transmitir-lhe todas as minudências de um caso absolutamente sem importância.

“Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem ouvia o companheiro, por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem ele.

“Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante a notícia.

“A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-se num despenhadeiro, espatifando-se.

“Ouvindo com paciência uma palestra incômoda, o moço fora salvo de triste desastre.

“O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas vezes, a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades do caminho, ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e passou a considerar, com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas que nos surgem à frente, na esfera dos nossos deveres de cada dia.”


Leia também, neste blog, a postagem “Deus ajuda...”.


Bons estudos!

Carla e Hendrio

Referências:

1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 1ª ed. Comemorativa do Sesquicentenário (bolso). Rio de Janeiro: RJ, FEB: 2007. Questão 524.
2. XAVIER, Francisco Cândido. “Pai Nosso”. Pelo Espírito Meimei. 19.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. Mensagem enviada pelo grupo de mensagens espíritas reflexaoespirita@yahoogrupos.com.br.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pentecostes, mediunidade e Espiritismo

Pentecostes é uma festa ecumênica em louvor a Deus, chamada Festa das [sete] Semanas (Chag ha-Shavuot), Festa das Primícias (Chag ha-Bicurim), ou Festa da Colheita (Chag ha-Catsir), em hebraico, em referência ao Êxodo 23:16 – “Guardarás a festa da ceifa, das primícias do teu trabalho, do que semeias no campo; e a festa da colheita no fim do ano, quando do campo recolheres os produtos do teu trabalho.”, depois passando para o grego pentekosté, pelo latim pentecoste – “dia da cinquentena”, ou seja, o quinquagésimo dia após a Páscoa. Nas obras da Codificação Espírita, Allan Kardec apenas cita diretamente o Pentecostes em “A Gênese” [1], a respeito da promessa de Jesus da vinda do Consolador (João, 14:15-17 e 26). Diz o Codificador: “Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por meio da descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito Santo os inspirou, que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as aptidões mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão, porém que nada lhes ensinou além daquilo que Jesus já ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio se encontra de um ensinamento especial. O Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus anunciara relativamente ao Consolador; a não ser assim, os apóstolos teriam elucidado o que, no Evangelho, permaneceu obscuro até ao dia de hoje e cuja interpretação contraditória deu origem às inúmeras seitas que dividiram o Cristianismo desde os primeiros séculos.”

Há menção das “línguas de fogo” aludidas nessa passagem evangélica em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” [2], como os clarões que jorravam do Alto se afigurando energias inspiradoras citas à obra “E a Vida Continua” [3] de André Luiz, em seu capítulo 12, incitando à absorção e propagação das inspirações da Espiritualidade Superior.


Na brilhante obra “Mecanismos da Mediunidade” [4], tanto no prefácio intitulado “Mediunidade”, ditado pelo Espírito Emmanuel, quanto no capítulo 26, ditado por André Luiz, é referido o uso da mediunidade e seus resultados práticos pelos apóstolos, os quais tiveram os eventos mediúnicos tornados habituais justamente após a ocorrência no Pentecostes. Senão, vejamos:
  • “Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nascituro. Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina. E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes (Atos, 2:1-13), quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, através deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas. Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais. Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta (Atos, 5:18-20). O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar (Atos, 3: 4-6) e pela imposição das mãos (Atos, 9:17). Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam (Atos, 8:7). Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (Atos, 9:3-7). E porque Saulo, embora corajoso, experimente enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a tarefa (Atos, 9:10-11). Não somente na casa dos apóstolos em Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome Agabo (Atos, 11:28), incorpora um Espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos medianímicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé (Atos, 13:1-4). Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno (Atos, 16:9-10).”
  • “A prática da mediunidade não está somente na passagem do Mestre entre os homens, junto dos quais, a cada hora, revela o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, mas também na equipe dos companheiros, aos quais se apresenta em pessoa, depois da morte, ministrando instruções para o edifício do Evangelho nascente. No dia de Pentecostes, vários fenômenos mediúnicos marcam a tarefa dos apóstolos, mesclando-se efeitos físicos e intelectuais na praça pública, a constituir-se a mediunidade, desde então, em viga mestra de todas as construções do Cristianismo, nos séculos subsequentes. Em Jesus e em seus primitivos continuadores, porém, encontramo-la pura e espontânea, como deve ser, distante de particularismos inferiores, tanto quanto isenta de simonismo. Neles mostram-se os valores mediúnicos a serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, na qual os regulamentos divinos, em todos os mundos, instituem a responsabilidade moral segundo o grau de conhecimento, situando-se, desse modo, a Justiça Perfeita, no íntimo de cada um, para que se outorgue isso ou aquilo, a cada Espírito, de conformidade com as próprias obras.”
No Livro dos Atos dos Apóstolos (02:17-18), o apóstolo Pedro disse, no dia do Pentecostes, relembrando aos habitantes, judeus ou não, de Jerusalém (Atos, 02:14), as citações de um profeta (Joel, 02:28-29): “Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos, sonhos. E sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão”. Kardec comenta essa passagem em “O Céu e o Inferno” [5], bem como em “A Gênese” [6], em mais de uma oportunidade, uma das quais [7] transcrevemos a seguir: “Como vimos (cap. I, nº 32), coincidindo com outras circunstâncias, o advento do Espiritismo realiza uma das mais importantes predições de Jesus, pela influência que ele forçosamente tem de exercer sobre as ideias. Ele se encontra, além disso, anunciado, em os Atos dos Apóstolos (...) É a predição inequívoca da vulgarização da mediunidade, que presentemente se revela em indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos e de todas as condições; a predição, por conseguinte, da manifestação universal dos Espíritos, pois que sem os Espíritos não haveria médiuns. Isso, conforme está dito, acontecerá nos últimos tempos; ora, visto que não chegamos ao fim do mundo, mas, ao contrário, à época da sua regeneração, devemos entender aquelas palavras como indicativas dos últimos tempos do mundo moral que chega a seu termo.” Ainda em “A Gênese” [8], Kardec comenta sobre o Espiritismo trazer a moral do Cristo, como tantas outras, “com a diferença de que, manifestando-se por toda parte, tanto se fazem ouvir na choupana, como no palácio, assim pelos ignorantes, como pelos instruídos”, elucidando o versículo 18 do capítulo 2 de Atos dos Apóstolos.

Se o Espiritismo é o renascimento desse Cristianismo dos primeiros tempos, então a popularização da mediunidade do Espiritismo, faculdade essa que se manifestou de forma ampla no Pentecostes, é uma relação possível de ser estabelecida entre o referido dia e a constatação do intercâmbio e inspiração dos Espíritos, que a doutrina codificada por Kardec nos ensina.


Leia também, neste blog, as postagens “Mediunidade na Bíblia”, “Falsos Cristos, falsos profetas e seus seguidores” e “Lições sobre o nascimento de Jesus”.


Bons estudos!

Carla e Hendrio

Referências:

1. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1991. Capítulo XVII, item 42.
2. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1999. Capítulo XX, item 4.
3. XAVIER, Francisco Cândido. “E a Vida Continua”. 24ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1998. Capítulo 12.
4. XAVIER, Francisco Cândido. “Mecanismos da Mediunidade”. 14ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1995. Prefácio e Capítulo 26.
5. KARDEC, Allan. “O Céu e o Inferno”. 37ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. 1ª parte, capítulo X, item 8.
6. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo I, item 45.
7. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVII, item 61.
8. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo I, item 56.

domingo, 25 de outubro de 2009

Os Espíritas e o Movimento Espírita

Espíritas, antes de tudo, são seres humanos, Espíritos em processo de aperfeiçoamento como os ateus, católicos, budistas e seguidores de toda crença ou ausência dessa, com cuja evolução seus circunstantes, a sociedade em que vivem e, por conseguinte, o Planeta onde ora habitam também evoluirão. Antes de tudo, a primordial missão dos espíritas e de todos os seres vivos é evoluir, se melhorar. Assim posiciona a Benfeitora Joanna de Ângelis [1] em sua assertiva: “quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a Humanidade”.


Importa não confundir a missão dos espíritas com a missão do Espiritismo. A apostila “Movimento Espírita”, da Federação Espírita Brasileira [2] esclarece, como missão dos espíritas, que “todo aquele a quem a luz da Doutrina Espírita já iluminou tem o indeclinável dever de aproveitar integralmente as possibilidades que o Senhor da Vinha lhe concede, para estender a luz do conhecimento e do amor, com simplicidade e eficiência, desprendimento e sinceridade.” Os espíritas são responsáveis pelo Movimento Espírita. Este, “(...) por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediência compulsória a hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade [da Doutrina Espírita], exigindo, em razão disso, de cada espírita em particular, e de cada grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos. (...) A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a prática da Doutrina Espírita. É nesse sentido que todas as potencialidades dos espíritas devem ser canalizadas para a difusão e a vivência do Evangelho Redivivo, à luz da imortalidade e da reencarnação, da justiça perfeita e do inesgotável amor divino.”

Emmanuel [3] exorta que “(...) não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.”


A respeito de missões, leia também, neste blog, a postagem “Espíritos missionários”. Ainda sobre o Movimento Espírita, leia a postagem “Pactos”.

Bons estudos!
Carla e Hendrio



Referências:

1. FRANCO, Divaldo P. "Leis Morais da Vida". Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 10.ed. Salvador, BA: LEAL. 2000. Capítulo 32.
2. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Apostila “Movimento Espírita”. Brasília, DF: FEB, 1996. p. 2-3.
3. XAVIER, Francisco Cândido. “O Consolador”. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2004. Questão 362.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Amar os inimigos

Os Espíritos Superiores, respondendo a Kardec à questão 887 [1], dizem que: “Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se procura tomar vingança.”

Ainda em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” [2], Kardec comenta que: “Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho. Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo. A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos. Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.”



Carlos Torres Pastorino [3], comentando as passagens evangélicas relativas a esse tema (Mateus 5: 43-48 e Lucas 6: 27-36), diz: “Vem agora o aperfeiçoamento da lei do amor, levada ao máximo. Moisés ordenara: ‘ama teu próximo como a ti mesmo’ (Lev. 19:18) e ‘ama o estrangeiro e peregrino como a ti mesmo’ (Lev. 19:34 e Deut. 10:19). No entanto, em diversos trechos dizia-se que deviam ser olhados como inimigos os amonitas e moabitas (Deut. 23:03-06), os amalecitas (Êx. 17:14 e Deut. 25:19), o que fazia supor que esses povos deviam ser aborrecidos. Embora em Provérbios (25:21-22) já estivesse escrito: ‘Se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer e se tiver sede, dá-lhe de beber, porque lhe amontoarás brasas vivas sobre a cabeça e YHWH te recompensará’, não era esse o hábito entre os israelitas. (Conforme ainda Provérbios 20:22, onde se reprime a vingança. Também em Deuteronômio 32:35, YHWH reserva para si a vingança e a recompensa, declarando explicitamente a lei do carma e o choque de retorno). Jesus chega ao clímax de Suas instruções, ordenando que os inimigos devem ser amados, e não apenas perdoados; que se deve fazer bem a quem nos faça o mal; que se deve abençoar os que nos amaldiçoam e orar pelos que nos difamam ou perseguem, e isto, para seguir o exemplo do Pai, que é PAI DE TODOS e sobre bons e maus faz surgir o sol e vir o benefício das chuvas. Com efeito, aí reside a sabedoria. Figurando o mal pelo negativo (-1) e o bem pelo positivo (+1), e o perdão pelo 0 (zero), temos as seguintes equações:

(-1) + (-1) = -2 - mal feito mais mal retribuído = mal duplo
(-1) + 0 = -1 - mal feito mais perdão = 1 mal
(-1) + (+1) = 0 - mal feito mais benefício prestado = mal anulado.

Então, matematicamente se prova que só o bem praticado em favor de quem nos faça o mal é que consegue extirpar a dor e o sofrimento da face da Terra. (...) Vem o fecho de Lucas: ‘sede misericordiosos como o Pai celestial’, e o outro, ainda mais rigoroso, de Mateus: ‘sede PERFEITOS, como perfeito é o Pai celestial’. Aqui o ensinamento de Jesus atinge o ápice da perfeição, superando tudo o que os antigos tinham podido ensinar. A lição prossegue no mesmo tom da anterior, mas as verdades são mais explicitamente ensinadas. Trata-se mesmo de amar os inimigos, que são, na realidade, nossos maiores benfeitores, pois nos ajudam a evoluir mais rápida e seguramente, limando nossas arestas, quebrando nossos espinhos, limpando-nos de nossos defeitos. Está claramente dito que, para ser cristão não basta ‘fazer como os outros’, retribuindo com bondade e gratidão aos benefícios recebidos com alegria para nós; mas retribuindo com a mesma bondade e gratidão aos ‘benefícios’ que recebemos com lágrimas, porque nos fazem sofrer. Indispensável atingir a perfeição absoluta. E ninguém fica isento de aperfeiçoar-se: a exigência abarca todos os cristãos.”

Concluímos, assim, que amar os inimigos significa agir com bondade em relação a eles, neutralizando o mal praticado e caminhando para o aperfeiçoamento moral, que é o “sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai”.

A respeito do tema, leia também, neste blog, as postagens “Amar o Próximo”, “Reconciliação”, “A Influência de ‘Maus’ Espíritos” e “Egos virtuosos e Eus sapientes”, “Caminha Alegremente” e “Os opositores da Doutrina Espírita”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio



Referências:

1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 1ª ed. Comemorativa do Sesquicentenário do lançamento de O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 2007. Questão 887.
2. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1999. Capítulo XII, item 3.
3. PASTORINO, Carlos Torres. “Sabedoria do Evangelho”. Rio de Janeiro, RJ: Sabedoria, 1964. Volume 2. “Amor ao Próximo”.

sábado, 10 de outubro de 2009

A riqueza

Em diversas passagens registradas nos Evangelhos, Jesus explicou que não devemos viver apenas em função das coisas materiais, comprometendo nossa evolução espiritual. A riqueza é uma ferramenta que a Providência Divina coloca à disposição do homem para o seu aperfeiçoamento espiritual, cabendo ao homem fazer bom uso dela. É, portanto, uma prova [1].

Desafiando o foco no material ao sugerir que o jovem vendesse o que tivesse e entregasse aos pobres (Mateus 19:16-22); condenando a avareza (Lucas 12:13-21); valorizando o compartilhamento da riqueza e a reparação a quem se causou dano (ao interagir com Zaqueu; Lucas 19:1-10); evidenciando que a riqueza e conhecimento intelectual não implicam paz de Espírito a ninguém (Parábola do Mau Rico; Lucas 16:19-31); elucidando que o recurso material, como qualquer outro que pode trazer auxílio ao próximo, não pode ser estagnado e deve ser multiplicado (Parábola dos Talentos; Mateus 25:14-30), Jesus indica que os recursos materiais são-nos concedidos, por empréstimo de Deus, para que façamos o melhor ao outro, e incita a não invertermos o sentido da posse, ainda que temporária – isto é, que o dinheiro não seja dono de nós.

É a interpretação literal de citações como “É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus” (Marcos 10:25), que traz esta confusão toda. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, publicado em 1864, Allan Kardec pondera [2]: “Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o Espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão."

Mais de um século antes, o Codificador anteviu, por dedução lógica, a chegada da Globalização (processo de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política, impulsionado pela expansão dos meios de transporte e comunicação no final do século XX e início do século XXI), elucidando a necessidade de recursos materiais para tal, como vemos a seguir [2]: “Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.”



Nas Instruções dos Espíritos da mesma obra supracitada [3], Cheverus complementa a partir das palavras de Jesus: “Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai – nestas palavras: ‘Amai-vos uns aos outros’, a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder. Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais apraz a Deus. Não nos referimos, é claro, a essa caridade fria e egoísta, que consiste em a criatura espalhar ao seu derredor o supérfluo de uma existência dourada. Referimo-nos à caridade plena de amor, que procura a desgraça e a ergue, sem a humilhar.”

Corroborando esse raciocínio, Emmanuel desenvolve [4], lembrando que nossas riquezas não se restringem ao dinheiro: “Há ricos de dinheiro, tão ricos de usura, que se fazem mais pobres que os pobres pedintes da via pública que, muitas vezes, não dispõem sequer de um pão. Há ricos de conhecimento, tão ricos de orgulho, que se fazem mais pobres que os pobres selvagens ainda insulados nas trevas da inteligência. Há ricos de tempo, tão ricos de preguiça, que se fazem mais pobres que os pobres escravizados às tarefas de sacrifício. Há ricos de possibilidades, tão ricos de egoísmo, que se fazem mais pobres que os pobres irmãos em amargas lutas expiatórias, de que tudo carecem para ajudar. Há ricos de afeto, tão ricos de ciúme, que se fazem mais pobres que os pobres companheiros em prova rude, quando relegados à solidão. Lembra-te, pois, de que todos somos ricos de alguma coisa ante o Suprimento Divino da Divina Bondade, e, usando os talentos que a vida te confia na missão de fazer mais felizes aqueles que te rodeiam, chegará o momento em que te surpreenderás mais rico que todos os ricos da Terra, porquanto entesourarás no próprio coração a eterna felicidade que verte do amor de Deus.”


Leia também, neste blog, a postagem “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências
1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987. Questões 814, 815, 816 e 925.
2. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo 16, item 7.
3. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB: 1987. Capítulo 16, item 11.
4. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. “O Espírito da Verdade”. Por diversos Espíritos. 15ª ed. RIO DE JANEIRO, FEB, 2006. Cap. 69.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Considerações sobre a pluralidade das existências

A pluralidade das existências explica as desigualdades entre os homens e corrobora a Justiça Divina. É um preceito conhecido há milênios na Humanidade, entre indianos, egípcios, gregos e judeus (vide também as postagens A reencarnação na Bíblia; Platão e a reencarnação e Nascer de água, neste Blog).

Kardec comenta, em “O Livro dos Espíritos”, em várias oportunidades, esta visão. Exemplificando, temos:

  • Comentários à questão 171: “Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. (...) A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.”;
  • Comentários à questão 199-a: “Se uma única existência tivesse o homem e se, extinguindo-se-lhe ela, sua sorte ficasse decidida para a eternidade, qual seria o mérito de metade do gênero humano, da que morre na infância, para gozar, sem esforços, da felicidade eterna e com que direito se acharia isenta das condições, às vezes tão duras, a que se vê submetida a outra metade? Semelhante ordem de coisas não corresponderia à justiça de Deus. Com a reencarnação, a igualdade é real para todos. O futuro a todos toca sem exceção e sem favor para quem quer que seja. Os retardatários só de si mesmos se podem queixar. Forçoso é que o homem tenha o merecimento de seus atos, como tem deles a responsabilidade.”;
  • Extrato do item 222: “Reconheçamos, portanto, em resumo, que só a doutrina da pluralidade das existências explica o que, sem ela, se mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme a mais rigorosa justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação que Deus, por misericórdia, lhe concedeu.”;
  • Questão 617: “As leis divinas, que é o que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral? Resposta: “Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.” a) — Dado é ao homem aprofundar umas e outras? Resposta: “É, mas uma única existência não lhe basta para isso.” Comentários de Kardec: “Efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o ser, a fim de se considerar perfeito, embora apenas se tenha em conta a distância que vai do selvagem ao homem civilizado? Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens.”




Leia, também, as postagens “Considerações sobre a pluralidade das existências (2)”, “A lei de talião”, “Evolução Espiritual de Longo Prazo” e “Tranquilidade no Retorno à Pátria Espiritual”, neste blog.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Penetração do pensamento pelos Espíritos

Allan Kardec, comentando a resposta dos Espíritos Superiores à questão 419, de “O Livro dos Espíritos”[1], esclarece que: “Assim, muitas vezes o nosso Espírito revela a outros Espíritos, sem que saibamos, o que constitui objeto de nossas preocupações durante a vigília.”

Ainda na questão 457 a) da mesma obra, os Espíritos Superiores esclarecem que: “quando vos julgais bem escondidos, muitas vezes tendes uma multidão de Espíritos que vos observam.” Também o apóstolo Paulo, em sua carta aos Hebreus (12:1) comenta sobre a presença de testemunhas de nossos pensamentos e atos: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, (...)”.

Existe a ação dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, numa teia de vibrações através do fluido universal.

Importa considerar que essa faculdade não é ampla e irrestrita. Kardec comenta, na obra “A Gênese” [2], que: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles. Mas, a extensão e a penetração da vista são proporcionadas à depuração deles e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual”. Na mesma obra [3], temos o exemplo de Jesus, Espírito mais elevado que conhecemos: “Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a consequência. A visão espiritual, permanente nele, assim como a penetração do pensamento, haviam de mostrar-lhe as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus.” Jesus, por ser o máximo da evolução que conhecemos, podia penetrar o pensamento daqueles que o cercavam e sempre respondia ao pensamento daquele que o procurava de acordo com a intenção e não de acordo com as aparências. Exemplificando, na passagem “dai a César o que é de César” (Marcos 12:13-17), “Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?”

Corroborando que a penetração do pensamento é proporcional à elevação espiritual, e que aí mais uma vez se manifesta a sabedoria divina, o codificador comenta, na Revista Espírita [4], que: “Não há uma única das faculdades concedidas ao homem da qual não possa abusar em virtude de seu livre arbítrio; não é a faculdade que é má em si, é o uso que dela se faz. Se os homens fossem bons, não haveria nenhuma delas a temer, porque ninguém delas se serviria para o mal. No estado de inferioridade em que os homens ainda estão na Terra, a penetração do pensamento, se ela fosse geral, seria sem dúvida uma das mais perigosas, porque se tem muito a esconder, e muitos podem abusar. Mas quaisquer que sejam os inconvenientes, se ela existe, é um fato que precisa ser aceito de bom ou malgrado, uma vez que não se pode suprimir um efeito natural. Mas Deus, que é soberanamente bom, mede a extensão dessa faculdade à nossa fraqueza; no-la mostra, de tempos em tempos, para melhor nos fazer compreender a nossa essência espiritual, e nos advertir para trabalhar pela nossa depuração para não termos do que temer.”

Com o desenvolvimento do Espírito e o autoconhecimento, não haverá mais temor em se revelarem os pensamentos, pois nós mesmos já os teremos conhecidos e dominados. Tal processo ocorre com a reforma íntima, conforme preceitua Santo Agostinho, na explicação que dá ao Codificador, à questão 919, a), de “O Livro dos Espíritos”.


No futuro, com o desenvolvimento moral da Humanidade, essa faculdade de penetração dos pensamentos será útil e bem usada. Acompanhemos o pensamento de Kardec, em “Obras Póstumas” [5]: “Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal. Pela telegrafia do pensamento, ele apreciará em todo o seu valor a lei da solidariedade, ponderando que não há um pensamento, seja criminoso, seja virtuoso, ou de outro gênero, que não tenha ação real sobre o conjunto dos pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egoísmo o levava a desconhecer as consequências, para outrem, de um pensamento perverso, pessoalmente seu, por esse mesmo egoísmo ele se verá induzido a ter bons pensamentos, para elevar o nível moral da generalidade das criaturas, atentando nas consequências que sobre si mesmo produziria um mau pensamento de outrem.”

Veja também as postagens “Fluido Universal”, “Faixas”, “Intuição” e “Problemas Mentais”, neste Blog.


Bons estudos!

Carla e Hendrio

Referências:

1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 1ª ed. Comemorativa do Sesquicentenário do lançamento de O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 2007.
2. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVI, item 3.
3. KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34ª ed. Rio de Janeiro, RJ, FEB. 1991. Capítulo XVII, item 21.
4. KARDEC, Allan. “Revista Espírita de outubro de 1864”. 1ª ed. São Paulo, SP: IDE. 1993. Tradução de Salvador Gentile. “Transmissão do pensamento”.
5. KARDEC, Allan. “Obras Póstumas”. 25ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1990. Primeira Parte, “Fotografia e a Telegrafia do Pensamento”.